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AMÉLIA BRANDÃO NERY (TIA AMÉLIA), 1930. "A Phono-Arte toda a minha admiração, Amélia". Arquivo Nirez |
Há 121 anos nascia
uma nos grandes nomes de nossa música e um dos grandes orgulhos para a cultura
nordestina: AMÉLIA BRANDÃO NERY, ou, simplesmente, TIA AMÉLIA. Ela era
instrumentista, pianista e compositora.
Nascida
em Jaboatão (PE), em 25 de maio de 1897, começou a ter contato com o piano aos
4 anos de idade. Seu pai era maestro da banda da cidade de Jaboatão, e também
clarinetista e solista de violão. Sua mãe tocava piano. Aos seis anos, Amélia
começou a estudar música, mas, seu pai exigiu-lhe que se dedicasse aos
clássicos. Com doze anos, ela compôs sua primeira música, a
valsa Gratidão.
Com 17
anos, ela se casou e seu esposo a impediu de seguir carreira como pianista, os
planos que ela acalentava. Indo morar em uma fazenda nos arredores de Jaboatão,
Amélia tocava somente nas festas de amigos. Ela aproveitou para estudar o
folclore musical das cercanias da cidade. Com três filhos, e aos 25 anos, ela
ficou viúva. Para criá-los, ela abraçou a carreira artística profissionalmente.
A Rádio
Clube de Pernambuco a contratou, onde ela
começou a fazer sucesso.
Por
volta de 1929, ela vai ao Rio de Janeiro resolver algumas questões de direitos
autorais com a gravadora Odeon. Logo, é convidada a dar recital no Teatro
Lírico, com grande êxito. Era chamada de a coqueluche dos cariocas. Devido a
esse sucesso, ainda se apresentou nas rádios Mayrink Veiga, Sociedade e Rádio
Clube do Brasil.
Ao
voltar para Recife, continua na Rádio Clube de Pernambuco e retoma suas pesquisas
sobre a música folclórica pelo interior do estado.
Em 1930,
vários intérpretes de nossa música popular gravaram composições suas: Elisa
Coelho, Vicente Cunha, Elsie Houston, Alda Verona, Jararaca, Stefana de Macedo
(pernambucana como ela) e Silene Brandão Nery (sua filha).
Voltaria
ainda ao Rio de Janeiro para algumas apresentações, quando o Itamarati (em
1933), a convidou para excursionar pelas Américas ao lado de sua filha, Silene
, para que elas apresentassem composições inspiradas no folclore brasileiro.
Na
Venezuela, o governo local a convidou para permanecer dois anos no país
estudando o folclore venezuelano. Ela recusou o convite e partiu para os
Estados Unidos, onde foi contratada por uma emissora de rádio de Schenactady,
apresentando-se durante cinco meses sob o patrocínio da General Eletric.
Apresentou-se
em Nova York e em New Orleans. EM Hollywood, ela e a filha foram convidadas
para participar de um filme da RKO ao lado da orquestra de Rudy Vallee, mas não
quis apresentar-se cantando e recusou.
Ela e a
filha excursionaram pelo Brasil em 1939. Quando Silene se casou, ela resolveu
abandonar a carreira, apresentando-se uma única vez no Theatro Municipal do Rio
de Janeiro, antes de se aposentar.
Foi
morar em Marília (interior de SP) e, depois, em Goiânia Lá, na casa
de sua filha, conheceu a cantora Carmélia Alves, que era uma grande admiradora
do talento de Amélia. Foi Carmélia quem a convenceu voltar a se apresentar.
Depois de 17 anos, ela voltava apresentando-se no Rio e em São Paulo, com um
repertório de chorinhos de sua autoria, agora com o nome artístico de Tia
Amélia.
Apresentou-se
nas grandes emissoras de rádio, como a Nacional, e na TV, em SP, nas emissoras
Record, Tupi e TV Paulista.
Voltou a
gravar discos (inclusive LPs) e a fazer apresentações em Recife.
Em 1960,
a TV Tupi do Rio de Janeiro a contratou, onde ela fazia uma retrospectiva da
época de ouro do choro brasileiro.
Fez sua
última gravação em 1980, aos 83 anos, pelo selo Marcus pereira, com o LP A
Benção Tia Amélia, onde interpretava 12 composições inéditas, entre valsas e
choros.
Nessa
época, o historiador musical José Ramos Tinhorão escreveu sobre ela:
"Assim, quando se ouve o som atual de Tia Amélia, pode-se dizer que é toda
a história do piano popular brasileiro que soa em sua interpretação".
Amélia
Brandão Nery, a Tia Amélia, faleceu em Goiânia (GO), em 18 de outubro de 1983,
aos 86 anos de idade.
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AMÉLIA BRANDÃO NERY (TIA AMÉLIA) samba.catracalivre.com.br |
Trago algumas
gravações de autoria de Amélia Brandão Nery, como compositora ou intérprete (ao
piano).
VÁRIOS
INTÉRPRETES
A MINHA VIOLA É DE PRIMEIRA
Samba
de Amélia Brandão Nery
Gravado
por Elisa Coelho
Acompanhamento
de dois violões
Disco
Victor 33.322-B, matriz 50342-2
Gravado
em 21 de junho de 1930 e lançado em dezembro
MALVADA
Samba
de Amélia Brandão Nery
Gravado
por Vicente Cunha (Aitaré)
Acompanhamento
de Gaó, Zezinho, Chaves e Grany
Disco
Columbia 5.240-B, matriz 380803-1
Lançado
em julho de 1930
OH CHIQUINHA
Samba
de Amélia Brandão Nery
Gravado
por Jararaca
Acompanhamento
de Gaó, Jonas e Zezinho
Disco
Columbia 7.011-B, matriz 380769
Lançado
em setembro de 1930
NOS CAFUNDÓ DO CORAÇÃO
Canção
de Amélia Brandão Nery
Gravada
por Stefana de Macedo
Acompanhamento
de Gaó, Zezinho e Chaves
Disco
Columbia 7.032-B, matriz 380821
Lançado
em outubro de 1930
PAPAI NOEL
Canção
de Amélia Brandão Nery e Humberto Santiago
Gravada
por Alda Verona
Acompanhamento
da Orquestra Victor Brasileira
Disco
Victor 33.724-A, matriz 65585-1
Gravado
em 01 de novembro de 1932 e lançado em dezembro de 1933
TIA
AMÉLIA AO PIANO
MEU POETA
Choro
de Amélia Brandão Nery
Gravado
por Tia Amélia ao piano
Disco
Continental 16.873-A, matriz C-3201
Gravado
em 18 de agosto de 1953 e lançado em novembro/dezembro desse ano
CHUVISCO
Choro
de Amélia Brandão Nery
Gravado
por Tia Amélia ao piano
Disco
Continental 16.873-B, matriz C-3202
Gravado
em 18 de agosto de 1953 e lançado em novembro/dezembro desse ano
SARACOTEANDO
Choro
de Amélia Brandão Nery
Gravado
por Tia Amélia ao piano
Disco
Continental 16.874-A, matriz C-3197
Gravado
em 18 de agosto de 1953 e lançado em novembro/dezembro desse ano
PAULISTANO
Choro
de Amélia Brandão Nery
Gravado
por Tia Amélia ao piano
Disco
Continental 16.874-B, matriz C-3199
Gravado
em 18 de agosto de 1953 e lançado em novembro/dezembro desse ano
SERESTEIRO
Choro
de Amélia Brandão Nery
Gravado
por Tia Amélia ao piano
Disco
Continental 16.914-A, matriz C-3198
Gravado
em 18 de agosto de 1953 e lançado em março de 1954
JABOATÃO
Choro
de Amélia Brandão Nery
Gravado
por Tia Amélia ao piano
Disco
Continental 16.914-B, matriz C-3200
Gravado
em 18 de agosto de 1953 e lançado em março de 1954
Agradecimento ao Arquivo Nirez
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