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OLGA PRAGUER COELHO Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
Hoje, iremos relembrar a soprano, violonista, compositora e
pesquisadora de folclore OLGA PRAGUER COELHO.
Olga
Praguer Coelho nasceu em Manaus (AM), em 12 de agosto de 1909.
Iniciou-se
na música através de sua mãe.
Sua
família foi morar em Salvador no ano de 1920.
Em
1923, passaram a morar no Rio de Janeiro, em um casarão situado à Rua das
Laranjeiras.
Olga
passou a ter aulas de violão com o cantor e violonista Patrício Teixeira em
1927. Em 1929, ela estudaria sob a orientação do compositor Lorenzo Fernandez,
tendo aula de teoria, harmonia e composição.
Patrício
Teixeira levou Olga Praguer Coelho em 1928 para a Rádio Clube do Brasil.
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OLGA PRAGUER COELHO O Violão, 1929 Arquivo Nirez |
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Correio da Manhã, 07 de agosto de 1927 http://memoria.bn.br/ |
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Diário Carioca, 13 de dezembro de 1928, p. 07 http://memoria.bn.br/ |
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Diário Carioca, 20 de dezembro de 1928, p. 06 http://memoria.bn.br/ |
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Revista da Semana, 1928 http://memoria.bn.br/ |
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Para Todos, 1929 http://memoria.bn.br/ |
Em 1929 ela faria suas primeiras gravações em discos. Pela Odeon, ela registrou a embolada de motivo popular, A Mosca na Moça, e o samba do Norte, Sá Querida, de Celeste Leal Borges. Nessas gravações, Olga seria acompanhada pelos violões de Patrício Teixeira e Rogério Guimarães. Ela ainda gravaria outros discos pela Odeon, com composições, entre outros, de Olegário Mariano e Joubert de Carvalho.
Ela
ingressaria, em 1932, no Instituto Nacional de Música, estudando novamente com
Lorenzo Fernandez, diplomando-se em 1933. Então, passou a ter aulas de canto
com Riva Pasternak e Gabriella Bezansoni.
Em
1935, Olga assinaria um contrato de exclusividade com a Rádio Tupi do Rio de
Janeiro e São Paulo.
Ainda
em 1935, ela faria muito sucesso em Buenos Aires, na mesma ocasião que Getúlio
Vargas visitava o país.
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Fon Fon, 1931 http://memoria.bn.br/ |
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Fon Fon, 1931 http://memoria.bn.br/ |
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O Cruzeiro, 1931 http://memoria.bn.br/ |
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O Malho, 1931 http://memoria.bn.br/ |
Em
1936, ela gravaria alguns discos pela Victor, registrando peças datadas do
século XVIII e XIX, como Róseas Flores, Virgem do Rosário, Hei de Amar-te até Morrer, Tirana, de motivo
popular e adaptadas por ela própria; e modinhas, e exemplo de O Gondoleiro
do Amor, versos de Castro Alves e música de Salvador Fábregas, e A
Mulata, de Gonçalves Crespo, adaptada pela própria Olga.
Ainda
em 1936, ela gravaria ao lado do tenor mexicano Pedro Vargas, registrando o
lamento Canto de Expatriação, de Humberto Porto, e o acalanto Boi,
boi, boi, de motivo popular, adaptado por Georgina Erisman. Nesse mesmo
ano, o governo Vargas a indicou, como Embaixatriz do Brasil no Congresso
Internacional de Folclore, realizado em Berlim, na Alemanha, onde ela teve a
oportunidade de assistir às Olimpíadas daquele ano e o grande desprazer de estar
perto de Hitler e Goebbels, experiência que ela detestou.
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OLGA PRAGUER COELHO e PEDRO VARGAS Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
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Carioca, 1936 http://memoria.bn.br/ |
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O Malho, 1936 http://memoria.bn.br/ |
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O Malho, 1936 http://memoria.bn.br/ |
Em
1937, ela excursionou pela Europa, tendo aulas de canto com Rosner. Ao voltar,
em 1938, apresentou-se no Teatro Cassino, em Copacabana, seguindo para a Bahia,
onde foi homenageada.
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O Malho, 1937 http://memoria.bn.br/ |
Em
1939, Olga Praguer Coelho estava em Lisboa, apresentando-se também na
Austrália, Nova Zelândia e na África do Sul.
Em
Lisboa, ainda em 1939, ela participaria do filme A Varanda dos Rouxinóis,
dirigido por Leitão de Barros, cantando Virgem do Rosário. Moreira da
Silva também participou desse filme, cantando Acertei no Milhar, porém,
os artistas não se encontraram durante as gravações.
Ela
se casaria com o poeta Gaspar Coelho, de que se separaria. Em 1944, Olga
conheceria o violonista espanhol Andres Segovia, com que passou a viver. Ele
lhe dedicou várias transcrições e arranjos de canto e violão. Ela passaria a
residir em Nova York, com uma vitoriosa carreira internacional, frequentando a
elite musical europeia, conhecendo grandes nomes.
Villa-Lobos
era seu admirado e lhe dedicou Bachianas nº 5, feita especialmente para Olga,
que contava com o apoio de Dª Mindinha, espoca de Villa-Lobos. Olga estreou
essa peça musical com muito sucesso no Town Hall, em Nova York, com Segovia e Villa-Lobos
na plateia.
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Martha Eggerth, Jan Kiepura e Olga Praguer Coelho Walkyrias, 1937 http://memoria.bn.br/ |
No
ano de 1956, muitos jornais de diferentes nacionalidades destacaram a beleza de
sua arte. Para o Le Figaro, ela “possuía uma bela voz, extraordinária
musicalidade a serviço de um repertório único”. Pelo New York Time, recebeu
crítica do famoso musicólogo americano Olin Downes, dizendo que “cantando
Villa-Lobos, o legendário pássaro uirapuru brasileiro, Olga também toca seus
acompanhamentos de guitarra com a maestria que aprendeu de Segovia. Um alcance
extraordinário de voz e de repertório. A maior folclorista que este crítico já
encontrou”.
Muito
respeitada no exterior, Olga Praguer Coelho era pouco lembrada no Brasil. Ela
mesmo me dizia que se eu quisesse conhecer sua carreira, encontraria muito
material na biblioteca de Washington.
Apesar
disso, ela gostava do Brasil e foi aqui que escolhe envelhecer.
Já
idosa, passou a viver em um apartamento situado à Rua das Laranjeiras,
exatamente no local onde um dia estava o casarão onde morou quando jovem. No
hall do edifício havia uma fotografia da casa, fazendo alusão à sua ilustre
moradora.
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Olga Praguer Coelho Propaganda do Leite de Rosas A Noite Illustrada, 1934 Arquivo Nirez |
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Olga Praguer Coelho Propaganda do Leite de Rosas A Noite Illustrada, 1934 Arquivo Nirez |
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OLGA PRAGUER COELHO Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
Por
volta de 2004, Olga Praguer Coelho recebeu a medalha e o diploma de Honra ao
Mérito por sua contribuição à nossa cultura. A homenagem foi uma iniciativa do
então Ministro da Cultura Gilberto Gil, durante a presidência de Luís Inácio
Lula da Silva.
Olga
Praguer Coelho faleceu em 25 de fevereiro de 2008, aos 98 anos de idade.
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OLGA PRAGUER COELHO Arquivo Nirez |
Meu encontro com Olga Praguer Coelho
Eu
já mantinha contato por telefone com Olga Praguer Coelho desde o fim da década
de 1990. Ficávamos vários minutos, quase uma hora, conversando sobre música,
lembranças e artistas. Ela me falára sobre quando defendeu Helena de Magalhães
Castro das críticas ferrenhas de Oscar Guanabarino. Também me falava sobre as
diferenças das religiões afro-brasileiras pelas regiões do Brasil. Mesmo sendo
Católica Apostólica Romana, como dizia, Olga Praguer pesquisava e gravava o que
na época se designava por “Macumba”, o que eram cantos de religiões
afro-brasileiras.
Em
2005, tive a grata satisfação de conhecer pessoalmente Olga Praguer Coelho. Foi
um momento mágico, sem ter medo de parecer piegas com essa afirmação.
Ao ver, frente a mim, aquela senhora de cabelos brancos e porte elegante eu perdi a voz, literalmente. Fiquei de boca aberta e hipnotizado, tendo consciência de que eu estava diante de uma lenda viva da música mundial e que estava fazendo um papel esquisito.
Ela me olhava sem entender nada, sem saber o porquê de minha mudez. Depois, “recuperei os sentidos” e tivemos uma gostosa conversa sobre música popular brasileira e suas personalidades dos anos 20.
Ela
mostrou lembrar dos vários idiomas que aprendeu, falando frases em várias
línguas e também cantando Óia o Sapo, para mim.
Ainda
pude ver a medalha e o diploma de Honra ao Mérito, que ela havia ganhado anos
antes do Governo Federal.
Muito
educada e atenciosa, ela ainda autografou uma agenda e posou ao meu lado para
fotografias.
Foi
uma experiência muito feliz!
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OLGA PRAGUER COELHO e MARCELO BONAVIDES Rio de Janeiro, 2005 Arquivo Marcelo Bonavides |
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OLGA PRAGUER COELHO e MARCELO BONAVIDES Rio de Janeiro, 2005 Arquivo Marcelo Bonavides |
Olga
foi uma das principais intérpretes de nossa música brasileira e uma das
melhores pesquisadoras/cantoras de nosso folclore. Ao lado de Elsie Houston,
Stefana de Macedo, Helena de Magalhães Castro, Amélia Brandão Nery, Celeste
Leal Borges e Jesy Barbosa foi uma das pioneiras pesquisadoras e divulgadoras
do folclore brasileiro no Brasil e no Mundo ainda nos anos 20 do século
passado.
Gravações de Olga Praguer Coelho
A
MOSCA NA MOÇA
Embolada
Popular
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Violão
Disco
Odeon 10.514-A, matriz 3065
Lançado
em dezembro de 1929
SÁ
QUERIDA
Samba
do Norte de Celeste Leal Borges
Gravado
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Violão
Disco
Odeon 10.514-B, matriz 3106
Lançado
em dezembro de 1929
ROSA
ENCARNADA
Canção
Uruguaia Popular
Gravada
por Olga Praguer Coelho e Oralva
Acompanhamento
de Violão
Disco
Odeon 10.520-A, matriz 3066
Lançado
em janeiro de 1930
ROSAS
PORTEÑAS
Zamba
Cancion de Eugenio Carrere e Alfredo A. Pelaia
Gravado
por Olga Praguer Coelho e Oralva
Acompanhamento
de Violão
Disco
Odeon 10.520-B, matriz 3105
Lançado
em janeiro de 1930
PUNTINHO
BRANCO
Popular,
com versos de Olegário Mariano
Gravado
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Violões
Disco
Odeon 10.586-A, matriz 3064
Lançado
em abril de 1930
MORENA
Popular,
com versos de Guerra Junqueiro
Gravado
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Violões
Disco
Odeon 10.586-B, matriz 3325
Lançado
em abril de 1930
VESTIDINHO
NOVO
Canção
de Joubert de Carvalho
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Violões
Disco
Odeon 10.652-A, matriz 3326
Lançado
em agosto de 1930
RENÚNCIA
Canção
de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Piano e Conjunto
Disco
Odeon 10.652-B, matriz 3691
Lançado
em agosto de 1930
RÓSEAS
FLORES
Modinha
Popular, adaptação de Olga Praguer Coelho
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Rogério Guimarães e João Nogueira aos Violões
Disco
Victor 34.042-A, matriz 80024-1
Gravado
em 29 de novembro de 1935 e lançado em abril de 1936
VIRGEM
DO ROSÁRIO
Lundu
Popular, adaptação de Olga Praguer Coelho
Gravado
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Rogério Guimarães e João Nogueira aos Violões
Disco
Victor 34.042-B, matriz 80025-1
Gravado
em 29 de novembro de 1935 e lançado em abril de 1936
Canção
de Olga Praguer Coelho e Gaspar Coelho
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Pereira Filho e Luís Bittencourt aos Violões
Disco
Victor 34.056-A, matriz 80119-1
Gravado
em 13 de abril de 1936 e lançado em maio de 1936
Canção
Típica da Bahia de Olga Praguer Coelho e Eduardo Tourinho
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
dos Irmãos Carolino com dois Violões
Disco
Victor 34.056-B, matriz 80110-1
Gravado
em 01 de abril de 1936 e lançado em maio de 1936
Serenata
Típica Baiana de Georgina Erisman
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Pereira Filho e Luís Bittencourt aos Violões
Disco
Victor 34.071-A, matriz 80118-1
Gravado
em 13 de abril de 1936 e lançado em julho de 1936
Canção
Popular
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Pereira Filho e Luís Bittencourt aos Violões
Disco
Victor 34.071-B, matriz 80136-1
Gravado
em 22 de abril de 1936 e lançado em julho de 1936
Modinha
Popular, arranjo de Olga Praguer Coelho
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Violões
Disco
Victor 34.088-A, matriz 80179-1
Gravado
em 30 de julho de 1936 e lançado em setembro de 1936
Modinha
Popular, arranjo de Olga Praguer Coelho
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
do Conjunto Típico RCA Victor
Disco
Victor 34.088-B, matriz 80180-1
Gravado
em 30 de julho de 1936 e lançado em setembro de 1936
Canção
de Embalo Popular, arranjo de Olga Praguer Coelho e Gaspar Coelho
Gravada por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Pereira Filho ao Violão
Disco
Victor 34.105-A, matriz 80130-1
Gravado
em 17 de abril de 1936 e lançado em novembro de 1936
Modinha
de Salvador Fábregas e Castro Alves
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Violões
Disco
Victor 34.105-B, matriz 80181-1
Gravado
em 30 de julho de 1936 e lançado em novembro de 1936
Modinha
do Século XIX de Gonçalves Crespo, adaptação de Olga Praguer Coelho
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
de Pereira Filho e Luís Bittencourt aos Violões
Disco
Victor 34.325-A, matriz 80137-1
Gravado
em 22 de abril de 1936 e lançado em junho de 1938
Macumba do Norte, adaptação de Olga Praguer Coelho
Gravada por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento do Conjunto Típico RCA Victor
Disco Victor 34.325-B, matriz 80182-1
Gravado em 30 de julho de 1936 e lançado em junho de 1938
CANTO
DE EXPATRIAÇÃO
Lamento Negro de Humberto Porto
Lamento Negro de Humberto Porto
Gravado
por Olga Praguer Coelho e Pedro Vargas
Acompanhamento
de Conjunto Típico
Disco
Victor 34.060-A, matriz 80148-1
Gravado
em 28 de abril de 1936 e lançado em julho de 1936
BOI,
BOI, BOI
Acalanto
Baiano Popular, arranjo de Georgina Erisman
Gravado
por Olga Praguer Coelho e Pedro Vargas
Acompanhamento
de dois Violões
Disco
Victor 34.060-B, matriz 80149-1
Gravado
em 28 de abril de 1936 e lançado em julho de 1936
MODINHA
Canção
Típica Brasileira de Manuel Bandeira e Jayme Ovalle
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
da própria Olga Praguer Coelho ao Violão
Disco
Victor 39.144-A, matriz 39144
Gravado
em 07 de outubro de 1941 e lançado em janeiro de 1942
ESTRELA
DO MAR
Macumba
de Jayme Ovalle
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
da própria Olga Praguer Coelho ao Violão
Disco
Victor 39.144-B, matriz 39144B
Gravado
em 07 de outubro de 1941 e lançado em janeiro de 1942
MEU
LIMÃO MEU LIMOEIRO
Coco
Popular, arranjo de Carolina Cardoso de Menezes e Olga Praguer Coelho
Gravado
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
da própria Olga Praguer Coelho ao Violão
Disco
Victor 39.145-A, matriz 39145A
Gravado
em 07 de outubro de 1941 e lançado em janeiro de 1942
QUANDO
MEU PEITO...
Modinha
Popular do Século XIX, arranjo de Olga Praguer Coelho
Gravada
por Olga Praguer Coelho
Acompanhamento
da própria Olga Praguer Coelho ao Violão
Disco
Victor 39.145-B, matriz 39145B
Gravado
em 07 de outubro de 1941 e lançado em janeiro de 1942
Agradecimento ao Arquivo Nirez
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