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DUQUE
Fon Fon, 1915. http://memoria.bn.br |
Há
66 anos falecia o bailarino e compositor DUQUE.
Antônio
Lopes de Amorim Diniz nasceu em Salvador (BA), em 10 de janeiro de 1884. Também
era teatrólogo, jornalista, compositor, letrista e dentista. Formou-se como
dentista aos 20 anos de idade. Em 1906, passou a morar no Rio de Janeiro,
frequentando a boemia carioca. Por um tempo, manteve um consultório na Rua
Uruguaiana, atuando como dentista e dançarino em clubes noturnos. Em 1909,
passou seu consultório a outro dentista, viajando para Paris como representante
de um produto farmacêutico.
Em
1906, Duque estreou na peça Gaspar Cacete, de Eduardo garrido, sendo bastante
elogiado. Depois, abandonaria o teatro, dedicando-se à dança. Destacou-se por
criar sua própria coreografia para danças brasileiras, em especial o maxixe,
empolgando a sociedade da época.
Estando
em Paris, em 1909, abandonou a venda de produtos farmacêuticos passando a se
exibir em salões e teatros dançando o maxixe. Nesse período, conheceu a atriz e
dançarina Maria Lino, de grande sucesso no Rio de Janeiro, passando a formar
com ela uma dupla de dança, fazendo bastante êxito em Paris. Eles conquistariam,
em 1913, o primeiro prêmio em um concurso de dança que a Elegant Welte
organizou no Admirals Palace, em Berlim. Em maio de 1913, estava com a
dançarina Arlette Dorgère, mesmo ainda atuando ao lado de Maria Lino. Ainda em
1913, inaugurou o Dancing Palace, no Luna Park, ao lado de uma outra parceira,
a dançarina francesa Gaby, sendo acompanhados pela Orquestra des Hawaiens.
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DUQUE e GABY, na década de 1910. O Cruzeiro, 1932 http://memoria.bn.br |
Duque
sentia falta da ginga brasileira em suas danças, escrevendo ao maestro Nicolino
Milano, quando este se encontrava em Lisboa. Milano, passou a atuar à frente da
orquestra, sacudindo o público com maxixes brasileiros como o Vem Cá, Mulata
(criação de Maria Lino, no Brasil), de Arquimedes de Oliveira e Bastos Tigre.
Duque
foi o responsável em transformar o maxixe e outras danças, consideradas no
Brasil como vulgares, em ritmos elegantes, apreciadas pela alta sociedade.
Ainda em Paris, abriu uma escola de danças, fazendo apresentações em Londres,
Inglaterra e Nova York. Retornou ao Brasil em 1915, ao lado de Gaby, onde
fundou uma academia de danças. Em 1916, excursionaram pela Argentina, recebendo
o convite para inaugurar o Teatro Florida em Buenos Aires.
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http://memoria.bn.br |
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Jornal de Theatro & Sport, 1915 http://memoria.bn.br |
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Fon Fon, 1915 http://memoria.bn.br |
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Jornal de Theatro & Sport, 1915 http://memoria.bn.br |
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Fon Fon, 1915 http://memoria.bn.br |
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Fon Fon, 1915 http://memoria.bn.br |
No
cinema, participou em 1917 do filme seriado Fuerza y Nobleza, e ao lado
de Gaby atuou como protagonista em Entre a Arte e o Amor, de 1918.
Em
1921, estava em Paris para participar de um campeonato de danças modernas. Em
1922, já novamente no Brasil, apresentou-se no elegante cabaré carioca Assírio,
sendo acompanhado pelo célebre conjunto Os Outo Batutas, liderado por
Pixinguinha. Ao lado de Arnaldo Guinle, promoveu a ida do conjunto à França,
para divulgar o samba e outros ritmos brasileiros aos franceses.
DUQUE E GAY REGRESSAM DO PRATA
Diversos aspectos da Valse du Basier que tão ruidoso sucesso obteve na Republica Argentina e no Uruguay, durante a tournée dos dois dansarinos (sic).
Fon Fon, 1915
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Fon Fon, 1916 http://memoria.bn.br |
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Fon Fon, 1916 http://memoria.bn.br |
Uma
vez fixado no Brasil, Duque passou a se dedicar ao jornalismo, como cronista
teatral.
Em
1926, ao lado do maestro Sebastião Cirino, compôs o maxixe Cristo Nasceu na
Bahia, que foi lançado na revista Tudo Preto pela atriz Dalva Espíndola, irmã
de Aracy Côrtes. A revista era da autoria de De Chocolat, fazendo parte do
repertório da Companhia Negra de Revistas, com Pixinguinha como maestro. O
maxixe foi um grande sucesso, sendo gravado ainda em 1926 por Arthur Castro e
coro, e ainda recebendo uma gravação instrumental pela American Jazz Band
Sílvio de Souza, fazendo muito sucesso no Carnaval.
Pioneiro,
Duque foi o compositor que teve suas músicas gravadas no primeiro disco
elétrico feito no Brasil, o Odeon 10.001, gravado por Francisco Alves e lançado
em julho de 1927. No lado A, sua marcha Albertina, e no lado B, seu
samba Passarinho do Má ilustravam o disco.
Seu
pioneirismo também se estenderia à gravadora Brunswick, pois o primeiro disco
desta empresa trazia no lado A (10.000-A) seu samba, ao lado de J. Thomaz, Sarambá,
com letra em francês, gravado por J. Thomaz e lançado em dezembro de 1929.
Em
1932, nos escombros do incendiado Theatro São José, Duque inaugurou a Casa de
Caboclo, um teatro exclusivamente dedicado ao folclore, à música popular e às
coisas típicas regionais de nosso país. Na inauguração, estavam presentes como
padrinhos, a poetisa Ana Amélia Queirós Carneiro de Mendonça e o poeta Olegário
Mariano; Pixinguinha dirigiu um pequeno conjunto instrumental, e a dupla Jararaca
e Ratinho era a atração do espetáculo. Na Casa de Cabolco passariam em início
de carreira grandes artistas como Dercy Gonçalves, Dalva de Oliveira, Herivelto
Martins, Alvarenga e Ranchinho (que Duque trouxe de São Paulo para atuar na
casa), entre outros.
Teve
algumas músicas gravadas no final dos anos 20, e algumas pontuais nos anos 30,
40 e 50.
Em
1939, Duque assumiu o posto de diretor do Cassino Atlântico, onde permaneceu
até 1942, dedicando o resto de sua vida ao teatro.
Em
1950, foi candidato a vereador pelo Partido Republicano, não sendo eleito. Ainda
foi professor do Conservatório Nacional de Teatro, do Serviço nacional de
Teatro.
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O Malho, 1950 http://memoria.bn.br |
Duque
Faleceu no Rio de Janeiro em 28 de setembro de 1953, aos 69 anos de idade.
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DUQUE O Cruzeiro, 1932 http://memoria.bn.br |
Confiram
suas composições gravadas entre 1926 e 1950, com algumas peças célebres de
nosso cancioneiro.
CRISTO
NASCEU NA BAHIA
Maxixe
de Sebastião Cirino e Amorim Diniz (Duque)
Gravado
por Arthur Castro
Acompanhamento
do American Jazz Band Sílvio de Souza e Coro
Disco
Odeon record 123.124
Lançado
em 1926
ALBERTINA
Marcha
de Antônio Amorim Diniz (Duque)
Gravada
por Francisco Alves
Acompanhamento
da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana
Disco
Odeon 10.001-A, matriz 1162
Lançado
em julho de 1927
PASSARINHO
DO MÁ
Samba
de Antônio Amorim Diniz (Duque)
Gravado
por Francisco Alves
Acompanhamento
da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana
Disco
Odeon 10.001-B, matriz 1163
Lançado
em julho de 1927
EU
NÃO ERA ASSIM
Samba
de Antônio Amorim Diniz (Duque)
Gravado
por Francisco Alves
Acompanhamento
da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana
Disco
Odeon 10.090-A, matriz 1411
Lançado
em janeiro de 1928
GOSTO
DE APANHÁ
Samba
de Antônio Amorim Diniz (Duque)
Gravado
por Pedro Celestino
Acompanhamento
do Grupo Cassino Copacabana
Disco
Odeon 10.095-A, matriz 1467
Lançado
em fevereiro de 1928
VOU
TE BUSCAR
Samba
de Antônio Amorim Diniz (Duque)
Gravado
por Francisco Alves
Acompanhamento
da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana
Disco
Odeon 10.179-B, matriz 1642
Gravado
em 29 de março de 1928 e lançado em junho de 1928
SARAMBÁ
Samba
de J. Thomaz e Antônio Amorim Diniz (Duque)
Gravado
por J. Thomaz
Acompanhamento
da Orquestra Brunswick e Coro
Disco
Brunswick 10.000-A, matriz 23
Lançado
em dezembro de 1929
SÃO
PAULO BANDEIRANTE
Marcha
de Amorim Diniz (Duque) e Benedito Camargo
Gravada
por Augusto Calheiros
Acompanhamento
da Orquestra Odeon
Disco
Odeon 11.284-A, matriz 5167
Gravado
em 11 de outubro de 1935 e lançado em novembro de 1935
SARAMBÁ
Samba
de Antônio Amorim Diniz (Duque) e J. Thomaz
Gravado
pelos Anjos do Inferno
Disco
Victor 80-0318-A, matriz S-078210-1
Gravado
em 27 de junho de 1945 e lançado em setembro de 1945
MEU
BARRACO
Samba
Choro de Dilu Melo e Duque
Gravado
por Carmen Costa
Acompanhamento
de Regional
Disco
Victor 80-0403-B, matriz S-078444-1
Gravado
em 15 de março de 1946 e lançado em maio de 1946
BAIÃO
EM PARIS
Baião
de Amorim Diniz (Duque) e Ronaldo Lupo
Gravado
por Ronaldo Lupo
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Todamérica TA-5.040-A, matriz TA-81
Gravado
em 04 de dezembro de 1950 e lançado em fevereiro de 1951
Agradecimento ao Arquivo Nirez
Artigo muito elucidativo. Parabéns!
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