Há
98 anos falecia o cantor célebre cantor MÁRIO PINHEIRO.
Mário
Pinheiro nasceu em 03 de outubro de 1883 (algumas fontes dão como 1880). O
local de seu nascimento é envolto em controvérsias, pois, há que indique a
cidade de Campos, porém, encontramos indicações de que ele havia nascido na
cidade de Cachoeira (atual Solonópole), no Ceará, e, na seca de 1888 foi morar
com a família em São Paulo, sendo adotado por um paulistano. Outras fontes
indicam que sua mãe era funcionária da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza
(CE). A origem de Mário Pinheiro como cearense é afirmada pelo Jornal do Ceará,
de 17 de novembro de 1911, quando o cantor se apresentava na capital cearense,
no Theatro José de Alencar. O periódico informava que o artista era filho do Ceará.
No sudeste do país, Mário Pinheiro
começou a trabalhar como palhaço em um
circo localizado no bairro carioca de Piedade, já fazendo sucesso. Depois,
passou a cantar cançonetas e modinhas no palco do teatrinho que havia no
Passeio Público, no Rio de Janeiro, acompanhando-se ao violão.
Sua
popularidade fez com que fosse contratado por Fred Figner para gravar discos na
Casa Edison. A partir de 1904, os discos de Mário Pinheiro eram gravados e
lançados ao mercado, aumentando seu prestígio. Logo, estava ao lado dos grandes
intérpretes da primeira década do século XX, como Bahiano, Cadete, Lino,
Campos, Eduardo das Neves, Geraldo Magalhães, Nozinho, Neco, entre outros.
Seu repertório
é bem variado e ele se destacava em todos os estilos. Seja nas serenatas,
modinhas ou canções, como nas cançonetas, lundus e maxixes. Gravou vários
clássicos de nossa música. Alguns, hoje, já esquecidos como, Por um Beijo,
Rosa do Sertão, Lágrimas do Passado, Namorados da Lua, Mulata
Vaidosa; ou, outros conhecidos até hoje, como, O Gondoleiro do Amor,
Casinha Pequenina, O Talento e a Formosura, A Casa Branca da Serra,
A Mulata.
Mário Pinheiro
fez dupla com os grandes nomes da época. Gravou desafios com Eduardo das Neves,
João Barros, Nozinho, Benjamim de Oliveira e Nina Teixeira. Mas, sua mais
conhecida parceria nos discos foi feita com a atriz e cantora Pepa Delgado.
Juntos, Mário e Pepa gravaram clássicos como Vem cá, Mulata!, ou
repertório do teatro de revista, como, Agulhas e Alfinetes. Também
gravaram juntos o curioso Um Samba na Penha, em 1904. (esse merece uma
posterior postagem).
Seus discos e
modinhas faziam tanto sucesso que seu repertório era ouvido e conhecido no
Brasil inteiro. Em uma época em que a divulgação das músicas ainda era muito
precária, suas modinhas faziam sucesso até no interior do Ceará, como Yara
(Rasga o Coração).
Os trovadores do Norte e Nordeste conheciam e respeitavam o nome e repertório
de Mário Pinheiro.
Em 14 de julho de 1909, Mário estava no elenco da ópera Moema, de
Delgado de Carvalho, que inaugurou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
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O Século, 17 de agosto de 1909, p.02 http://memoria.bn.br/ |
Jornal do Ceará, sexta-feira, 17 de novembro 1911 http://memoria.bn.br/ |
O prestígio alcançado por Mário Pinheiro fez com que ele recebesse o
convite para gravar na Victor dos Estados Unidos. Segundo registros, lá,
conseguiu mais sucesso e o que ganhou fez com que ele partisse para Milão, para
aprimorar seu canto. Na Itália, com o canto aperfeiçoado, largou a vida boêmia
ao casar-se com a sobrinha de um empresário.
Em Lyon, fez sua estreia na cena lírica europeia.
Retornou ao Brasil com a Companhia Galli-Curci-Lazzaro, e
depois, com Rotoli-Biloro.
Em 1917, no Theatro Apollo, cantou na ópera Aída,
interpretando Ramphis; em Gioconda, interpretou Alvise; e
foi protagonista em Mephistopheles, o de sua predileção.
Teve dois filhos, mas depois se separou de sua esposa.
No Brasil, contratado pelo empresário Walter Mocchi, voltou a
se apresentar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e, também, em São Paulo,
Itália e Argentina (Theatro Colón, de Buenos Aires).
Em 1920, ao lado da soprano gaúcha Zola Amaro, participou da
ópera O Condor, de Carlos Gomes, interpretando Almansor, e Zola
fazendo o papel de Odaléa.
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Comedia Jornal de Theatro,1918 http://memoria.bn.br/ |
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Jornal de Theatro & Sport, 1918 |
http://memoria.bn.br/
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http://memoria.bn.br/ |
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Fon Fon, 1920 http://memoria.bn.br/ |
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Fon Fon, 1920 http://memoria.bn.br/ |
Em setembro de
1922, o barítono Mário Pinheiro se afastara da cena artística. Isso causou
apreensão no meio, uma vez que ele era um dos mais ativos artistas de então,
atuando na companhia lírica da empresa Walter Mocchi.
A maior causa
da preocupação foi, porém, o fato de Mário ter passado mal em sua casa e ser
encontrado desmaiado. Ao acordar, foi acometido por soluços que resistiam a
quaisquer medidas para combatê-los. Seu médico resolveu interná-lo
imediatamente. Dia a dia, mesmo com várias intervenções cirúrgicas, seu estado
se agravava de forma dolorosa.
Sem recursos,
senão para as primeiras despesas da internação, Mário teve a ajuda de três
amigos que fizeram subscrições, reunindo meios para o colega e o acompanhando
nessa difícil fase.
Às três horas
da tarde do dia 10 de janeiro de 1923, uma quarta-feira, Mário Pinheiro falecia
na extrema pobreza, na Casa de Saúde Affonso Dias, à Rua Aristides Lobo, 115,
Rio de Janeiro.
Estava cercado
por sua irmã, filhos e alguns amigos. Tinha 38 anos.
O que o
vitimou foi uma fístula no estomago, de caráter sifilítico.
Seus amigos e
familiares não tinham dinheiro sequer para um modestíssimo funeral,
contrastando com a fama e prestígio do artista. Diante disso outros amigos,
Rachel Bastos e Di Agostini, telegrafaram ao Presidente da República. Arthur
Bernardes respondeu comunicando que já havia expedido ordens para se realizarem
os funerais de Mário Pinheiro, à custa da União. A Fazenda Nacional amparava o
grande artista nessa última etapa na terra.
Em seu velório
havia várias coroas, onde se liam:
“Ao meu
querido Mário, toda saudade e lágrimas de tua Lenita”.
“Ao amigo
Mário Pinheiro, profunda saudade da amiga Rachel Bastos”.
“Sincera
saudade de De Agostini Braga e filha”.
“Ao Mário,
saudade de Chocolate”.
“Saudade da
Empresa Mocchi, do Theatro Municipal”.
“Homenagem da
Casa dos Artistas”.
“Homenagem de
Leopoldo Fróes”.
Entre os que
visitaram a câmara ardente e acompanharam o enterro, estavam: Bahiano, Catullo
da Paixão Cearense, Asdrúbal Miranda, entre dezenas de artistas, empresários e
representantes de empresas ligadas ao meio artístico.
Quando adoeceu estava em cartaz no Theatro Municipal do Rio
de Janeiro, porém, sua última aparição pública foi em uma vesperal no Theatro
Trianon, organizada por Leopoldo Fróes, onde cantou dois números, um dos quais
de origem argentina, que foi obrigado a bisar.
Na época de sua morte, os jornais diziam que seus filhos
estavam em companhia de sua irmã.
Os jornais dão como sendo 38 anos a idade com que Mário
Pinheiro faleceu. Sendo isso verdade, sua data de nascimento seria 1884.
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Fon Fon, 27 de janeiro de 1923, p.18 http://memoria.bn.br/ |
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Jornal de Theatro & Sport, 13 de janeiro de 1923, p.09 http://memoria.bn.br/ |
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A Noite (Última Hora), quarta-feira, 10 de janeiro de 1923, p.03 |
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Jornal do Brasil, quinta-feira, 11 de janeiro de 1923, p.11 http://memoria.bn.br/ |
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Correio da Manhã, quinta-feira, 11 de janeiro de 1923, p.03 http://memoria.bn.br/ |
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Gazeta de Notícias, quinta-feira, 11 de janeiro de 1923, p.04 http://memoria.bn.br/ |
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Jornal do Commercio, quinta-feira, 11 de janeiro de 1923, pgs. 07 e 08 http://memoria.bn.br/ |
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O Brasil, quinta-feira, 11 de janeiro de 1923, p.05 http://memoria.bn.br/ |
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O Imparcial, quinta-feira, 11 de janeiro de 1923, p.06 http://memoria.bn.br/ |
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O Jornal, quinta-feira, 11 de janeiro de 1923, p.09 http://memoria.bn.br/ |
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O Paiz, quinta-feira, 11 de janeiro de 1923, p.05 http://memoria.bn.br/ |
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O Jornal, sexta-feira, 12 de janeiro de 1923, p.09 http://memoria.bn.br/ |
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O Paiz, sábado, 13 de janeiro de 1923, p.05 http://memoria.bn.br/ |
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Correio da Manhã, Domingo, 14 de janeiro de 1923, p.08 http://memoria.bn.br/ |
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Fon Fon, 1923 http://memoria.bn.br/ |
GRAVAÇÕES DE MÁRIO PINHEIRO
Gravações de
1904
TER AMOR NÃO É
DEFEITO
Modinha
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Piano
Disco Odeon
Record 40.003, matriz RX-279
Lançado em 1904
CARMEN
Canção
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 40.022, matriz RX-18
Lançado em 1904
GENTIL FORMOSA
Canção
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 40.024, matriz RX-19
Lançado em 1904
O QUE NASCEU
PRIMEIRO
Cançoneta
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Piano
Disco Odeon
Record 40.028, matriz RX-22
Lançado em 1904
O CONDUTOR DE
BONDE
Gravado por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 40.032, matriz 40032-2
Lançado em 1904
SENTIMENTO
OCULTO
Modinha de Anacleto
de Medeiros e Catullo da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 40.044
Lançado em 1904
LÁGRIMAS DO
PASSADO
Canção
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 40.058, matriz RX-46
Lançado em 1904
A MULHER PERDIDA
Modinha
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 40.064, matriz RX-49
Lançado em 1904
AVE MARIA
Modinha de
Fagundes Varela
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Piano
Disco Odeon
Record 40.068, matriz RX-114
Lançado em 1904
CANÇÃO DO ÍNDIO
Canção de Carlos
Gomes
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Piano
Disco Odeon
Record 40.076, matriz RX-119
Lançado em 1904
A BRISA DIZIA À
ROSA
Modinha
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Piano
Disco Odeon
Record 40.078, matriz RX-120
Lançado em 1904
QUITUTES
Tango
Gravado por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Piano
Disco Odeon
Record 40.094, matriz RX-72
Lançado em 1904
CASA BRANCA DA
SERRA
Modinha de Guimarães
Passos e Miguel Emídio Pestana
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 40.139, matriz RX-2
Lançado em 1904
O TALENTO E
FORMOSURA
Modinha de
Edmundo Otávio Ferreira e Catullo da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 40.151, matriz RX-8
Lançado em 1904
LUA NOVA
Canção de
Ernesto Nazareth e Catullo da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record, matriz RX-9
Lançado em 1904
A ABELHA E A
FLOR
Canção de W. H.
Penn e Catullo da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Piano
Disco Odeon
Record 40.159, matriz RX-12
Lançado em 1904
A VACINA
OBRIGATÓRIA
Cançoneta
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 40.169, matriz RX-17
Lançado em 1904
Gravações de
1920
PASTOR PEREGRINO
Modinha de
Catullo da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 121.699
Lançado em 1920
NÃO PARTAS
Modinha de
Catullo da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 121.754
Lançado em 1920
CABOCLA BONITA
Modinha de
Catullo da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 121.755
Lançado em 1920
NO SERTÃO
Modinha de
Catullo da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 121.756
Lançado em 1920
COMO TE AMO
Modinha de
Catullo da Paixão Cearense
Gravada por Mário
Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 121.757
Lançado em 1920
O ADEUS DA MANHÃ
(L'ADIEU DU MATIN)
Valsa Canção de
Émile Pessard e Catullo da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 121.758
Lançado em 1920
FECHEI O MEU
JARDIM
Modinha de
Catullo da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 121.759
Lançado em 1920
LÁGRIMAS SONORAS
Modinha de
Catullo da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 121.776
Lançado em 1920
IMPROVISO
Modinha de
Catullo da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 121.777
Lançado em 1920
CORAÇÃO DE
CABOCLO
Canção de Catullo
da Paixão Cearense
Gravada por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão e Coro
Disco Odeon
Record 121.832
Lançado em 1920
JOÃO DAS
QUEIMADAS
Samba de Catullo
da Paixão Cearense
Gravad0 por
Mário Pinheiro
Acompanhamento
de Violão e Coro
Disco Odeon Record
121.833
Lançado em 1920
Mário Pinheiro e
Colegas
UM SAMBA NA
PENHA
Maxixe de Assis Pacheco, Álvaro Peres e Álvaro Colás.
Gravado por Pepa Delgado e Mário Pinheiro
Acompanhamento de piano
Disco Odeon Record 10.063, matriz R-489
Lançado em 1904
Da Revista “O Avança”
AO SOM DA VIOLA
Desafio
Gravado por Mário Pinheiro e Barros
Acompanhamento de Violão
Disco Odeon Record 40.365, matriz RX-459
Lançado em 1905
VEM CÁ MULATA
Lundu de Arquimedes de Oliveira
Gravado por Mário Pinheiro e Pepa Delgado
Acompanhamento de Piano
Disco Odeon Record 40.407
Lançado em 1905
O VENDEIRO E A
MULATA
Dueto
Gravado por Pepa Delgado e Mário
Acompanhamento de piano
Disco Odeon Record 40.599
Lançado em 1906
DESAFIO DE DOIS BOIADEIROS
Cômico
Gravado por Mário Pinheiro e Eduardo das Neves
Disco Odeon Record 108.123, matriz XR-656
Lançado em 1908
SERENATA INTERROMPIDA
Cômico
Gravado por Mário Pinheiro, Nozinho e Eduardo das Neves
Disco Odeon Record 108.293, matriz XR-853
Lançado em 1908
CANÇÃO MINEIRA
Desafio
Gravado por
Mário Pinheiro e Benjamin de Oliveira
Acompanhamento
de Violão
Disco Columbia
Record 11.623
Lançado em 1910
CANÇÕES DO
SERTÃO
Desafio
Gravado por
Mário Pinheiro e Nozinho
Acompanhamento
de Violão
Disco Columbia
Record 11.692
Lançado em 1910
CHICO MIRONGA NO
CASAMENTO DE SEU ZÉ DO PINHÉ
Desafio de
Catullo da Paixão Cearense
Gravado por
Mário Pinheiro e Bahiano
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 121.770
Lançado em 1920
OS DOIS
VIOLEIROS
Desafio de
Catullo da Paixão Cearense
Gravado por
Mário Pinheiro e Bahiano
Acompanhamento
de Violão
Disco Odeon
Record 121.771
Lançado em 1920
Agradecimento ao Arquivo Nirez
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