ZAÍRA CAVALCANTI, 1929 Livro Viva O Rebolado de Salvyano Cavalcanti de Paiva Aqruivo Marcelo Bonavides |
Há
104 anos nascia a cantora e atriz ZAÍRA CAVALCANTI, uma das mais belas e
talentosas artistas de nosso teatro de revista e nossa música popular
brasileira.
Zaíra
Baltazar Cavalcanti nasceu em Santa Maria (Rio Grande do Sul), em 01 de outubro
de 1913. Era filha do militar pernambucano Otávio Cavalcanti e de Conceição
Baltazar.
Iniciou
sua carreira artística muito cedo, ainda em Porto Alegre, descoberta pelo
empresário Mário Ulles (ou Hulles), que a convidou para ir ao Rio de Janeiro.
Antes de embarcar, ele a testou no Teatro Guarany, de Porto Alegre. Zaíra
cantou Luar do Sertão, de João Pernambuco e Catullo da Paixão Cearense,
agradando em cheio e confirmando o convite ao Rio.
Em
1927, vamos encontra-la no Rio de Janeiro como estrela do filme Flôr do Pântano
(inacabado), da Artistas Unidos do Brasil. Ela tinha mais ou menos treze anos.
No
Rio de Janeiro ela estrearia no Alcazar (a segunda casa de espetáculos com esse
nome), na Rua do Passeio. O célebre compositor e cabaretier De Chocolat a
apresentou como “a nova estrela que o Rio iria conhecer”.
Com
a Companhia Arruda, viajou para Santos. De volta ao Rio, sem ter vaidades de
estrela, foi ser corista na Companhia Tró-ló-ló, de Jardel Jércolis, no Teatro
Glória, na Cinelândia.
Sua
grande oportunidade veio em 24 de janeiro de 1930, com a estreia da revista Dá
Nela!, no Theatro Recreio. Cabia à Zaíra cantar a marchinha de Ary Barroso que
dava nome à peça e que havia ganhado o concurso de músicas da Casa Edison. Quando
a jovem de dezesseis anos surgiu no palco com as coristas, cantando os versos,
vestida de calças compridas e lenço vermelho ao pescoço, o público exultou,
consagrando-a como grande estrela. Ela precisou repetir a música três vezes, a
pedido da plateia. O crítico teatral Lafayette Silva afirmou que ela era “a
mais séria ameaça do teatro popular”. Assim, nascia uma nova estrela
brasileira.
Ainda
em 1930, ela começou a gravar discos. Seu primeiro disco, gravado na Parlophon,
trazia os sambas Pedaço de Mau Caminho,
de Eduardo Souto e Osvaldo Santiago, e Gongá,
de José Luís da Costa (Príncipe Pretinho). Ela também gravaria na Odeon, ao
todo quatorze músicas em sete discos, entre 1930 e 1932. Alguns de seus
sucessos no teatro foram gravados, como Por
Que?, samba de Olímpio Bastos (Mesquitinha), que ela cantou na revista Pau
Brasil, de 1930. Gravaria ainda a belíssima Canção
dos Infelizes, em 1930, de Ernesto dos Santos (Donga), Luís Peixoto e Marques
Porto. Essa canção seria regravada em 1931 pela soprano Zaíra de Oliveira,
esposa de Donga. Zaíra Cavalcanti traz uma parte declamada. Em Sem Querer,
samba-canção de Ary Barroso, Marques Porto e Luís Peixoto, gravado no final de
1930, Zaíra nos dá uma dolente interpretação.
"Usando o Iodosan conservo os meus dentes assim, Zaíra Cavalcanti, 20-12-32" Revista A Noite Illustrada, 1932 Propaganda de Iodosan. |
Zaíra
Cavalcanti seguiu com êxito no teatro musicado, participando de filme no Brasil
e na Argentina, excursionando pelo Brasil e exterior, levando nossa música
através de seu grande talento de interpretar nossos ritmos.
Um
de seus últimos filmes foi ao lado de Mazzaropi, seu amigo e admirador, em Uma
Pistola Para Djeca, de 1970.
Ela
faleceria no Retiro dos Artistas, do Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1981,
pouco antes de completar 68 anos.
Zaíra
Cavalcanti foi uma de nossas mais belas atrizes-cantoras e vedete, além de
possuir um talento ímpar, sendo reconhecida por sua bonita voz e sua forma
especial de cantar a nossa música.
Trago
novamente, dessa vez reunida em uma postagem, todas as suas gravações, feitas
na Parlophon e na Odeon. Agradeço aos amigos pesquisadores e colecionadores
Dijalma Cândido e Nirez (Miguel Ângelo de Azevedo) pelas gravações. Dijalma
ainda nos enviou gentilmente as fotografias dos selos dos discos.
Samba de Eduardo Souto e Osvaldo Santiago
Acompanhamento de Simão Nacional Orquestra
Disco Parlophon 13.114-A, matriz 3317
Gravado em 1930 e lançado em março
Acompanhamento de Simão Nacional Orquestra
Disco Parlophon 13.114-B, matriz 3318
Gravado em 1930 e lançado em março
Acompanhamento da Orquestra Pan American, sob a direção de Simon Bountman
Disco Odeon 10.611-A, matriz 3548-1
Lançado em junho de 1930
Canção de Ernesto dos Santos (Donga), Luís Peixoto e Marques Porto
Acompanhamento da Orquestra Pan American, sob a direção de Simon Bountman
Disco Odeon 10.611-B, matriz 3547-1
Lançado em junho de 1930
Acompanhamento de Simão nacional Orquestra
Disco Parlophon 13.200-A, matriz 3733
Gravado em 1930 e lançado em setembro
Acompanhamento de Simão nacional Orquestra
Disco Parlophon 13.200-B, matriz 3739
Gravado em 1930 e lançado em setembro
Lançado por Zaíra Cavalcanti na revista musical Pau Brasil, de 1930.
Samba de Eduardo Souto e João de Barro
Acompanhamento da Orquestra Guanabara
Disco Parlophon 13.218-A, matriz 3898
Gravado em 1930 e lançado em outubro
Samba da Penha
De Américo de Carvalho
Acompanhamento da Orquestra Guanabara
Disco Parlophon 13.218-B, matriz 3899
Gravado em 1930 e lançado em outubro
Samba de Mário Barros
Acompanhamento da Orquestra Guanabara
Disco Parlophon 13.255-A, matriz T-17
Lançado em janeiro de 1931
Samba canção de Ary Barroso, Marques Porto e Luís Peixoto
Acompanhamento da Orquestra Guanabara
Disco Parlophon 13.255-B, matriz T-16
Lançado em janeiro de 1931
Fox de Milton Amaral e Jerônimo Cabral
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.951-A, matriz 4529
Gravado em 20 de outubro de 1932 e lançado em janeiro e fevereiro de 1933
Samba de Paulo orlando e Jerônimo Cabral
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.951-B, matriz 4530
Gravado em 20 de outubro de 1932 e lançado em janeiro e fevereiro de 1933
Samba de Oscar Cardona
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.984-A, matriz 4524
Gravado em outubro de 1932 e lançado em março de 1933
Choro de Oscar Cardona
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.984-B, matriz 4525
Gravado em outubro de 1932 e lançado em março de 1933