sábado, 16 de maio de 2015

MARIA CAXUXA (LA CACHUCHA) - 1836

Fanny Elssler, como Florinda, caracterizada para dançar a Caxuxa,
Ballet Le Diable boiteux, 1836.


Há muitos anos, quando li pela primeira vez o livro O Mulato, de Aluísio de Azevedo, achei interessante a passagem em que o ator narrava um velório. Durante a madrugada, enquanto várias pessoas desempenhavam diferentes funções, havia um grupo de mulheres que conversavam e contavam causos, velando a morta. Uma delas disse, "muito sentida, a história de um papagaio de grande estimação, que ela possuía, e que, um belo dia, cantando, coitado! a "Maria Cachucha", caíra para três - morto!".
Eu fiquei curioso sobre essa música e fui procurar informações.

Aqui, divido com vocês os dados interessantes que eu encontrei.



A CAXUXA

Embora a grafia estrangeira (e atual) seja Cachucha, irei usar a forma brasileira e original do século XIX, Caxuxa.

O blog http://www.streetswing.com/, afirma que a Caxuxa (La Cachucha) foi criada em Cuba em 1803, mas que é considerada uma dança espanhola. Não se conhecem o autor da dança ou música.

A bailarina austríaca Fanny Elssler (1810 - 1884) a tornou famosa em em uma coreografia de sua autoria, datada de 1830, para o ballet La Donna del Lago, de Rossini, em Londres.

Em 1836, Fanny Elssler tornaria sua coreografia mais popular, sapateando e tocando castanholas, num começo lento que ia pegando ritmo até terminar com rápidos volteios. Essa versão fazia parte do ballet Le Diable boiteux, de Jean Coralli e Gide, onde ela interpretava Florinda.

Fanny chegou a se apresentar na Ópera de Paris com sua dança que, felizmente, foi registrada por ela em detalhes, fazendo com que as/os futuras(os) bailarinas(os) pudessem recriá-la. A dança também lembrava o fandango e o bolero (este, o do século XIX). Nos EUA, ela apresentou-se na Casa Branca e o Congresso decidiu que não haveria reunião quando ela estivesse dançando.

A divulgação, ao menos no Brasil, não demorou a acontecer. Em 1830 os jornais de Pernambuco e do Rio de Janeiro já divulgavam a Caxuxa (dança), antes mesmo desta se tornar um sucesso mundial.

Em 1840 encontramos mais registros da Caxuxa (dança e música) no Brasil. A coreografia passou a ser conhecida pelas principais dançarinas dos grandes teatros da corte e pelo resto Brasil.

Já em 1864, aparecia nos jornais de Cuiabá.


Era um número artístico que os jornais faziam questão de divulgar com destaque. Ao final desse artigo confiram os recortes de jornais do século XIX falando sobre a Caxuxa. Ao que parece, havia uma versão da dança para o teatro e outra para os salões, esta, provavelmente executada em saraus e mais contida.

A palavra Caxuxa também significava barco pequeno.

O ballet La Donna del Lago foi inspirado no poema Lady of the Lake, de Sir Walter Scott, de 1810.



Fanny Elssler.
 Litografia de Joseph Kriehuber de 1830.
http://www.loc.gov/



Fanny Elssler.



1840



1840



A Caxuxa, coreografia de Fanny Elssler, interpretada por Margaret Barbieri, versão A:




A Caxuxa, coreografia de Fanny Elssler, interpretada por Margaret Barbieri, versão B:




La Cachucha, por Carla Fracci:



La Cachucha






MARIA CAXUXA

Como ocorre com melodias famosas, a Caxuxa recebeu uma versão em Portugal que, de certa forma, ganhou vida própria independente da coreografia. Também vinda ao Brasil, fez sucesso por ter versos picantes, de duplos sentidos. As datas se confundem. No livro A História do Fado, de Pinto de Carvalho (Tinop), de 1903, os versos aparecem datados ainda de 1802, um ano antes da dança ter sido criada.

Há uma versão conhecida até hoje pelos mais idosos: "Maria Caxuxa, com quem dormes tu?/ Eu durmo sozinha com o dedo no ...". 
Ou: "Maria Caxuxa, com quem dormes tu?/ Eu durmo com um gato que me arranha o ...".

Essa versão explícita (que não preciso colocar na integra aqui) era cantada e divulgada pelo povo. Porém, os versos que chegaram até nós não são nada inocentes.

Em 1944, no filme El gran Makakikus, dirigido por Humberto Gómez Landero, o ator Joaquim Pardavé canta La Cachucha.

Em 1940 o dramaturgo Joracy Camargo escreveu a comédia Maria Cachucha.

O termo "Do tempo da Maria Caxuxa" significa algo muito antigo.

Há também um doce chamado Maria Cachucha.




Maria Caxuxa, século XIX




Maria Caxuxa, século XIX





La Cachucha, por Joaquim Pardavé, 1944




A História do Fado, de Pinto de Carvalho.






A CAXUXA NA IMPRENSA


 Diário do Rio de Janeiro, Terça-Feira, 23 de Novembro de 1830





Diário de Pernambuco, Quarta-Feira, 09 de Junho de 1830





Diário de Pernambuco, 10 de Março de 1840




Diário de Pernambuco, Quarta Feira, 22 de Abril de 1840



Diário de Pernambuco, Sábado, 20 de Junho de 1840



 Jornal do Recife, Sábado, 05 de Junho de 1869






A Imprensa de Cuiabá, Quinta-Feira, 28 de Abril de 1864






Diário do Rio de Janeiro, Sábado, 29 de Janeiro de 1842





Correio Mercantil, Terça Feira, 01 de Agosto de 1848





 A Marmota na Corte, Terça-Feira, 18 de Dezembro de 1849













quarta-feira, 6 de maio de 2015

MARLENE DIETRICH - 23 ANOS DE SAUDADE



Há 23 anos falecia, aos 91 anos, MARLENE DIETRICH.


Além de ser um dos maiores mitos de Hollywood e cantora bem sucedida, Marlene foi uma voz que combateu os horrores da II Guerra Mundial, cantando pela paz.

Nascida na Alemanha, ela tinha aversão ao nazismo e decidiu se naturalizar norte-americana e combater através de sua arte a guerra que ocorria na Europa, envolvendo o mundo inteiro. Marlene conviveu com os soldados nos campos de batalha, dormindo em ambientes infestados de ratos e pondo em risco sua vida por causa das bombas que caiam perto de onde estava. Tudo isso para estar perto dos jovens combatentes e lhes levar um pouco de alegria. Após o fim da guerra, visitando uma cidade em ruínas, várias mulheres se reuniram para preparar algo para a atriz. Como sabemos, os materiais eram escassos e, com sacrifício, conseguiram fazer um bolo. Ela, que já havia frequentado os mais requintados restaurantes do mundo, afirmou a um amigo anos depois que aquele bolo, comido em meio às ruínas de uma cidade, era o melhor que ela já provara na vida.











terça-feira, 5 de maio de 2015

DATAS DE 05 DE MAIO

O dia de hoje marca o nascimento ou falecimento de alguns astros e estrelas de nossa música ou do cinema mundial.


DALVA DE OLIVEIRA



Há 98 anos nascia a cantora Dalva de Oliveira, nossa Rainha da Voz.






CIDA TIBIRIÇÁ


Há 96 anos nascia a cantora paulistana Cida Tibiriçá.
Ela foi um dos grandes nomes do rádio de São Paulo, 
sendo eleita Rainha do Rádio de São Paulo, em 1935.
Cida faleceu aos 93 anos, em 2012.



ASCENSO FERREIRA

http://www.onordeste.com/


Há 50 anos falecia o poeta e compositor Ascenso Ferreira, um dos grandes nomes da Literatura em Pernambuco.


TYRONE POWER



Há 101 anos nascia o ator Tyrone Power, 
um dos mais queridos astros de Hollywood dos anos 30 aos anos 50.







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