terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Revista CARIOCA e suas capas de Ano Novo.















Agradecimento ao Arquivo Nirez





O ANO NOVO


2014 vem chegando!
Para dar adeus a 2013, trago três músicas que falam sobre Ano Novo e esperanças, interpretadas por três grandes intérpretes de nossa música.



Eduardo das Neves

O célebre cantor e compositor (também era palhaço) Eduardo das Neves gravou o lundu intitulado O Ano Novo, sendo o disco lançado em 1909.



O Ano Novo
Lundu
Acompanhado ao violão
Disco Odeon Record 108.375
Lançado em 1909





O Ano Novo.
Cantado e acompanhado ao violão por Eduardo das Neves para a Casa Edison, Rio de Janeiro.


Meus senhores, Boas Festas!
Que é chegado o Ano Novo!
Canto com mais alegria
para alegrar esse povo
Canta a rola na colina
Meu canário peregrino
Enquanto chora menino
vem surgindo o Ano Novo.

No vendaval da floresta
quando as aves vem voando
As andorinhas ligeiras
nos ares vão vir passando
A mãe acalenta o filho
que sorrindo, já lhe diz:
Mamãe, viva o Ano Novo!
Peça a Deus ser mais feliz!

Cessa amargura, tormento
que surgiu a nova aurora
Quem tem palpite, aventura
Sente dores mas não chora
Desfaz-se jardim de flores
espargindo sobre o povo
Estamos no Ano Novo
Boas Festas, peço agora!

A mãe acalenta o filho
que sorrindo, já lhe diz:
Mamãe, viva o Ano Novo!
Vai reverdecer a flor!



Aurora Miranda



Aurora Miranda gravou a marcha Ano Novo em 1935.

Ano Novo
Marcha de Custódia Mesquita e Zeca Ivo
Acompanhamento da Orquestra Odeon sob a direção de Simon Bountman
Disco Odeon 11.292-A, matriz 5174
Gravado em 23 de outubro de 1935 e lançado em dezembro desse ano





Ano Novo!
Vida Nova!
Os que fazem esta prova
dão-se todos muito bem
Há sempre troca de flores
Eu troco, às vezes, de amores
Trocando de olhares também

A minha vida se agita
longe dos dias que vão
E uma esperança palpita
dentro do meu coração

Assim, eu nunca me lembro
de tudo aquilo que fiz
Pois de Janeiro à Dezembro
ninguém escreve o que diz




João Dias



João Dias era herdeiro artístico do cantor Francisco Alves e foi um dos grandes nomes do rádio nos anos 50 e 60. Coube a ele gravar a mais conhecida música de Ano Novo.

Fim de Ano
Canção Natalina
Acompanhamento de Solovox e Coro
Disco Odeon 13.199-B, matriz 9149
Gravado em 05 de outubro de 1951 e lançado em dezembro desse ano





Adeus Ano Velho
Feliz Ano Novo
Que tudo se realize
no ano que vai nascer
Muito dinheiro no bolso
Saúde pra dar e vender

Para os solteiros, sorte no amor
Nenhuma esperança perdida
Para os casados, nenhuma briga
Paz e sossego na vida.








Agradecimento ao Arquivo Nirez


Foto de Aurora Miranda: Arquivo Nirez
Fotos de Eduardo das Neves e João Dias: http://memoria.bn.br





segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

JESY BARBOSA - 26 ANOS DE SAUDADE



Há 26 anos, em 30 de dezembro de 1987, falecia aos 85 anos a cantora, poetisa, dramaturga e jornalista        JESY BARBOSA, eleita Rainha da Canção Regional em 1930.




Quem Ama Vive a Sofrer
Canção de Sátiro de Melo
Acompanhamento de Rogério Guimarães ao violão
Disco Victor 33.283-A, matriz 50229-2
Gravado em 09 de abril de 1930 e lançado em maio desse ano



Fruta do Mato
Tanguinho de Randoval Montenegro e Domingos Magarinos
Acompanhamento de dois violões
Disco Victor 33.309-A, matriz 65040-2
Gravado em 22 de novembro de 1930 e lançado em janeiro de 1931






Agradecimento ao Arquivo Nirez





sábado, 28 de dezembro de 2013

25 ANOS DE PESQUISAS - MINHAS BODAS DE PRATA

Há 25 anos tudo começou oficialmente. Era dezembro de 1988.
Já fazia alguns meses que eu buscava um novo tipo de música, mas, não sabia onde encontrar. Nessa época, estava passando a novela Vida Nova, na Rede Globo, onde a história se passava na década de 1940. Lembro que o que mais me fascinava, fora a recriação de época, eram as músicas que saiam dos rádios capelinhas, aquelas caixas de madeiras bem trabalhadas. Era um som abafado, diferente dos sucessos dos anos 80 que eu conhecia. A música era acompanhada de orquestra. Lembro das músicas que tocavam nas cenas, como Deusa da Minha Rua interpretada por Sílvio Caldas (descobri o nome da canção e do cantor depois), e achava bonita, era algo com que eu me identificava. Por mais que eu gostasse dos sucessos pop´s, de Cyndi Lauper por exemplo, faltava algo. Eu não sabia identificar o quê. Depois de comprar o LP da novela, passei a buscar por mais músicas daquele estilo. Lembrei de uma cantora cuja imagem eu conhecia desde criança, principalmente dos tempos de carnaval: Carmen Miranda. Eu pensava: essa cantora é do passado, cantava Mamãe eu Quero e Tico tico no Fubá, então, parece ser o que eu procuro. E lá fui eu buscar a Carmen que o mundo conhecia.
Ao chegar na loja Francinet Discos, situada no primeiro Shopping de Fortaleza, o Center Um, eu encontrei dois LPs que me chamaram a atenção. O de Carmen e o de Dalva de Oliveira. Fui ouvir os dois. Porém, como meus ouvidos ainda não estavam educados e o disco da Carmen trazia suas gravações pioneiras, feitas em 1930, eu estranhei. Afinal, buscava a Carmen de Mamãe eu Quero... Fui ouvir o de Dalva, onde ela era acompanhada pelo maestro Roberto Inglez. O LP da Revivendo trazia doze músicas que ela havia gravado em Londres no ano de 1952. Eu gostei do som, pois parecia o que saia dos rádios na novela. Era dia 23 de dezembro e, como sempre, eu demorava para escolher meu presente de Natal (até hoje é assim). Mas, foi esse disco que escolhi e ganhei de meus pais no dia 24. No dia seguinte, 25, ouvindo as faixas, decidi procurar por mais músicas e intérpretes desse estilo. Finalmente eu havia me encontrado culturalmente e aquela sensação de vazio havia sumido. Era isso que eu buscava!
Com o tempo, fui educando meus ouvidos e, a medida que voltava no tempo, mais gostava das gravações. Logo depois, veio Carmen Miranda em sua fase brasileira e, quando ouvi novamente, me apaixonei. Francisco Alves, Mário Reis também chegaram. Aracy Côrtes chegou reinando absoluta em minha imaginação e ouvidos e, depois, veio Pepa Delgado, mas, conto essas histórias depois.

Depois que meu pai gravou a fita desse disco, eu ouvia o tempo todo. Kalu não saia do rádio, nem Ai Ioiô. Os parentes tomaram conhecimento e começaram a lembrar de músicas e intérpretes.
Lembro até hoje que o ambiente mudou, o som fazia com que tudo ficasse mágico. É uma sensação e lembrança que não sei descrever bem, mas, posso garantir que foi muito marcante e especial.
Agora, vamos ouvir a Dalva de Oliveira.
Obs. Alguns trechos da gravação podem apresentar defeitos.




Revivendo DALVA DE OLIVEIRA
COM ROBERTO INGLEZ E SUA ORQUESTRA





LADO A

Fim de Comedia, Carinhoso, Brasil Saudoso, Encontrei Afinal, Sem Êle, Noite de Natal


LADO B

Kalú, Fôlha Morta, Pequña, Distancia, Ai Yôyô (Linda Flôr), Lindo Presente









Verso da capa




Encarte com as letras das músicas












































































terça-feira, 24 de dezembro de 2013

TRADICIONAIS MÚSICAS DE NATAL

Dircinha Batista e sua árvore de Natal.
Revista Radiolândia, dezembro de 1954.



Noite Feliz

Stille Nacht é uma das mais (senão a mais) conhecidas e tradicionais canções natalinas de todos os tempos. Foi escrita pelo padre Joseph Morh e musicada por Franz Gruber em 1818, na cidade de Oberndorf , Áustria. Nesse mesmo ano, foi cantada na Missa do Galo desse vilarejo, na igreja de São Nicolau.
Versões contam que o poema foi escrito em 1816, pelo padre Morh. Ele entregou a Gruber para que fizesse a melodia. Dizem que o órgão da igreja estava danificado e, por isso, a música foi apresentada sendo acompanhada por um violão.
Em 1832, um mestre de órgãos a executou na cidade de Leipzig (Alemanha), tendo uma grande aceitação. A partir daí, foi divulgada pela Europa e, posteriormente, pelo mundo.
Para saber mais: http://alemanhaeinfach.wordpress.com


Eu trouxe algumas músicas que marcaram e marcam o Natal de várias pessoas. Algumas versões são mais conhecidas que outras. Todas, muito bonitas.
Feliz Natal a todos!




Amanhã vem o Papai Noel / Noite Santa, Silenciosa
De Franz Gruber, W. A. Mozart, em versão de Luísa Margarida
Gravada por Francisco Alves e o Trio de Ouro (Dalva de Oliveira, Nilo Chagas e Herivelto Martins)
Disco Odeon 12.650-A, matriz 7926
Gravado em 30 de novembro de 1945 e lançado em dezembro desse ano



Natal Branco (White Christmas)
Fox de Irving Berlin, em versão de Marino Pinto
Gravado por Nelson Gonçalves e o Trio de Ouro
Acompanhamento de Conjunto
Disco RCA Victor 80-1551-B, matriz BE5-VB-0926
Gravado em 25 de novembro de 1955 e lançado em janeiro de 1956
Obs. Nessa época, o Trio de Ouro era formado por Herivelto Martins, Lourdinha Bittencourt e Raul Sampaio.
Lourdinha Bittencourt e Nelson Gonçalves estavam casados.




Natal das Crianças
Valsinha de roda da autoria de Blecaute
Gravada por Blecaute
Acompanhamento de Orquestra e Coro
Disco Copacabana 5.502-A, matriz M-1273
Lançado em dezembro de 1955



Natal das Crianças
Valsa de Blecaute
Gravada por Zezé Gonzaga
Disco Columbia CB-10.307-A, matriz CBO-896
Lançado em Dezembro de 1956




Natal das Crianças
Valsa de Blecaute
Gravada por Carlos Galhardo
Acompanhamento de Orquestra e Coro
Disco RCA Victor 80-1873-A, matriz 13-H2PB-0217
Gravado em 06 de setembro de 1957 e lançado em dezembro desse ano




O Velhinho
Valsa de Otávio Filho
Gravada por João Dias e Edith Falcão
Acompanhamento de Osvaldo Borba e Sua Orquestra e Coro
Disco Odeon 13.592-B, matriz 9988
Gravado em 30 de novembro de 1953 e lançado em janeiro de 1954




O Velhinho 
Valsa de Otávio Filho
Gravada por Carlos Galhardo
Acompanhamento de Orquestra
Disco RCA Victor 80-1873-B, matriz 13-H2PB-0218




Jingle Bells (Sinos de Belém)
Canção natalina de James Lord Pierpont, adaptada por Evaldo Rui

Gravada por João Dias
Acompanhamento de Solovox e Coro
Disco Odeon 13.199-A, matriz 9148
Gravado em 04 de outubro de 1951 e lançado em dezembro desse ano




Noite de Natal (Silent Night, Holy Night)
Canção de Franz Gruber, versão de Mário Rossi
Gravado em Londres por Dalva de Oliveira
Acompanhamento de Roberto Inglez e Sua Orquestra
Disco Odeon X-3.372-A, matriz CE.14164
Gravado e lançado em 1953




Lindo Presente (Adeste Fideles)
Canção de Oakeley, em versão de Mário Rossi
Gravada em Londres por Dalva de Oliveira
Acompanhamento de Roberto Inglez e Sua Orquestra
Disco Odeon X-3.372-B, matriz CE.14165
Gravado e lançado em 1953




Noite Feliz (Holy Night)
Cântico de Franz Gruber

Gravado pelo Coro Orfeônico, sob a direção de Alberto W. Ream
Disco Continental 15.109-A, matriz M-10184-2
Gravado em 1943 e lançado em dezembro desse ano




Noite Feliz
Canção de Franz Gruber
Gravado pelo Duo Brasil Moreno
Acompanhamento de Orquestra e Coro
Disco Copacabana 5.011-A, matriz M-276
Lançado em outubro e novembro de 1952




Noite Feliz
De Franz Gruber e Cláudio César
Gravado por Agostinho dos Santos
Acompanhamento da Orquestra RGE, sob a direção de Henrique Simonetti
Disco RGE 10.273-A, matriz RGO-1839
Lançado em novembro de 1960




Noite Feliz (Silent Night, Holy Night)
De Franz Gruber e Paulo Tapajós
Gravada por Francisco José e os Pequenos Cantores da Guanabara
Acompanhamento de Conjunto
Disco Philips P-61.058-H-A, matriz AA 61.058-1H
Lançado em dezembro de 1960









Deanna Durbin, capa da revista O Cruzeiro, 1939.






Agradecimento ao Arquivo Nirez










domingo, 22 de dezembro de 2013

AURORA MIRANDA, 08 ANOS DE SAUDADES




Há 08 anos, em 22 de dezembro de 2005, falecia a cantora AURORA MIRANDA, aos 90 anos, no Rio de Janeiro.

Aurora foi uma das mais famosas cantoras brasileiras de todos os tempos, sendo a segunda cantora que mais gravou durante os anos 30. Mesmo com sua famosa irmã, Carmen, Aurora se destacou por talento e estilo próprio, além de uma magnífica voz.



Aurora foi a responsável por lançar e gravar a marcha Cidade Maravilhosa, que seria um dos maiores sucessos de carnaval de todos os tempos e que se tornou o Hino Oficial da Cidade do Rio de Janeiro, que havia sido batizada de Cidade Maravilhosa pelo escritor maranhense Coelho Neto.
O próprio autor da marcha, André Filho, gravou ao lado de Aurora Miranda.


Cidade Maravilhosa
Marcha de André Filho
Gravada por Aurora Miranda e André Filho
Acompanhamento da Orquestra Odeon
Disco Odeon 11.154-A, matriz 4901
Gravado em 04 de setembro de 1934 e lançado em outubro desse ano




Outros sucessos de Aurora Miranda


Sou da Comissão de Frente
Samba de Assis valente
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 11.077-B, matriz 4739
Gravado em 26 de outubro de 1933 e lançado em janeiro de 1934





Ladrãozinho
Marcha de Custódio Mesquita
Acompanhamento da Orquestra Odeon sob a direção de Simon Bountman
Disco Odeon 11.165-A, matriz 4932
Gravado em 09 de outubro de 1934 e lançado em novembro desse ano



Boa Viagem
Samba de Noel Rosa e Ismael Silva
Acompanhamento da Orquestra Odeon
Disco Odeon 11.187-B, matriz 4961
Gravado em 06 de dezembro de 1934 e lançado em janeiro de 1935





Fiz Castelos de Amores
Samba choro de Osvaldo Chaves Ribeiro (Gadé) e Valfrido Silva
Acompanhamento de Conjunto Regional
Disco Odeon 11.268-B, matriz 5110
Gravado em 02 de agosto de 1935 e lançado em outubro desse ano










Agradecimento ao Arquivo Nirez







sábado, 21 de dezembro de 2013

BILHETES A PAPAI NOEL

Em dezembro de 1949, a Revista do Rádio trazia vários bilhetes feitos por artistas do rádio especialmente ao papai Noel.
Vamos conferir seus pedidos!

Quero agradecer à TV Diário de Fortaleza (Canal 22), em especial o programa Confraria do Samba, pela oportunidade de mostrar meu trabalho e divulgar nossos artistas do passado!































Fonte:
http://memoria.bn.br






sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Lingerie VALISÈRE, 1941



A formosura em foco...

Se a epiderme é o primeiro revestimento da formosura feminina, a Lingerie indesmalhável Valisère é o remate para o seu aspecto sedutor, numa alta expressão de “sex-apeal”. Tecida com fio de sêda de peculiar maciez, cortada anatomicamente em modelos individuais, é a delícia de quem a veste e o encanto de quem a contempla...

à venda nas boas casas do ramo.

Lingerie VALISÈRE
Contacto que é uma carícia

Revista O Cruzeiro, 1941.
Texto copiado na íntegra.



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Nota do autor do blog:
É interessante observar o final do texto publicitário onde há uma sutil carga de erotismo. Isso em 1941...





Agradecimento ao Arquivo Nirez






segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

ADEUS À JOAN FONTAINE



Faleceu neste domingo, 15 de dezembro, a atriz JOAN FONTAINE.
Ela estava com 96 anos e morava na Califórnia (EUA).
Joan Fontaine nasceu em 22 de outubro de 1917 em Tokyo (Japão).
Indicada três vezes ao Oscar, ganhou a estatueta como atriz principal pelo filme Suspeita (Suspicion), de 1941, dirigido por Alfred Hitchcock, onde atuava com Cary Grant.
Um de seus maiores sucessos foi Rebeca, A Mulher Inesquecível (Rebecca), de 1940, também dirigido por Alfred Hitchcock, em que ela atuou com Sir Laurence Olivier.
Joan Fontaine era irmã da também atriz Olivia de Havilland, que ainda vive e está com 97 anos.


























Fotos:
www.theplace2.ru
s664.photobucket.com
liambluett.com
www.fanpix.net
http://www.doctormacro.com/





sábado, 14 de dezembro de 2013

SORTEADOS

Aqui estão os sorteados com:
Cds “Mix promocional do CD Minha Canção pra Você”, da cantora Marion Duarte. 
Livro Fado no Brasil: Artistas e Memórias, de Thais Matarazzo.

Agradeço a todos que participaram!








ALZIRINHA CAMARGO, Uma Entrevista (Final)

http://burlyqnell.tumblr.com



Continuando com a entrevista realizada por Luiz Carlos Sarmento para o jornal Shopping News, de São Paulo, publicado no nº1240, em 16 de maio de 1976, intitulada Confissões de Alzira Camargo, 40 anos depois - Do Brás à Broadway.

Agradeço à Thais Matarazzo, que republicou a matéria.
A primeira parte da entrevista está em: http://zip.net/btlMws
Para saber mais sobre Alzirinha Camargo: http://zip.net/bqlMph


Confissões de Alzira Camargo, 40 anos depois - Do Brás à Broadway.
(Final)


Treze e quarenta e cinco da madrugada. Ela levanta da poltrona. Da um sorriso maroto, pisca com os olhos muito verdes e coloca um disco na vitrola. A sala é invadida pelo Tico tico no fubá. Depois vem Na baixa do sapateiro. Era Carmen quem cantava, Alzirinha a acompanha.

"Já imaginou um show com Carmen ao meu lado em pleno 1976? Garanto que seria inesquecível, mais café? Siboney... lá-rá-rá... Sabe qual é o meu grande sonho mesmo? É montar um grande espetáculo para lembrar os velhos tempos. "

E como uma grande “star” ela gira na sala cantando “Já sofri sim / Eu paguei caro meu erro / Já chorei do meu desterro / uma tristeza sem fim / e tendo a alma em suplicio / para uma louca paixão...”

"Foram Alice Chaves e Jarbas Cavalcanti que fizeram para mim em 55. Mais deixa isto pra lá. Um dia eu volto. Eu garanto que volto. Apesar daqueles que fingem não me reconhecer na rua. "


A BRIGA COM CARMEN MIRANDA

O carnaval de 36 estava nas ruas e Benedito Lacerda deu a Carmen Miranda seu grande sucesso, Querido Adão, Carmen gravou, mas logo viajou para Buenos Aires e não teve tempo de lança-lo. Benedito sabia muito bem a quem recorrer: Alzirinha. Sucesso absoluto.

"Eu nunca tinha conversado pessoalmente com Carmen. Quando ela voltou de Buenos Aires fez questão de me ver no (Cassino) Atlântico. Estava sentada numa mesa com Aurora e um grupo de amigos. Quando acabei de cantar ela me chamou para a mesa. Alzira fecha os olhos, recorda aquele sábado de 36 e fala de seu dialogo com Carmen:

Estava louca para conhecer esta paulista loira que lançou o meu Adão na minha ausência, disse Carmen, um pouco ríspida. Fiquei um pouco chocada, sem fala. Só Carmen falava. Até que enfim a conheci. Mas não tenho medo de você, porque você já percebi, é mais coração e eu sou mais cérebro (Carmen batia com os dedos da mão direita na cabeça). O que ela que ela queria dizer é que era mais comercial do que eu, uma boboca sentimental. "

A rivalidade estava lançada entre as duas e a edição do dia 22-11-1936 de “O Malho” registrava o fato com grande destaque.

A “máquina” – diz Alzirinha – já funcionava naquela época....

"Aceita outro café?"

Enquanto ela vai à cozinha preparar café, pergunto baixinho a Geraldo Hudson, seu grande amigo, pela sua idade. Antes que ele responda, ouve-se o vozeirão de Alzira, que vem lá de dentro, da cozinha.

"Epa! Não vem porque não tem. Depois que trintei, nunca mais lembrei. Olha o café."

Ainda em 36 ela fez o filme Alô, Alô, Carnaval.

"A Carmen sempre gostou de gravar discos e eu de show em casas noturnas. O meu grande erro, talvez, foi não ter me preocupado muito com os discos. Em compensação, estava sempre em contato com o público e me sentia realizada. O doutor Getúlio ia me assistir e fazia sempre um pedido especial: era para eu cantar o meu limão, meu limoeiro, meu pé de jacarandá, para ele. "

"Ah, como gostava."


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Cineminha do Hotel Meridien, 1977.
Da esquerda para a direita: Ernesto Saboya, Alzirinha Camargo, Marcio de Hallivan, Norma Suely e Luis Sergio Lima e Silva. Exibição do filme “Mulher”, restaurado pela Cinédia.
http://www.memorialnormasuely.com.br/gente.php





1936http://memoria.bn.br






terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ALZIRINHA CAMARGO - 98 ANOS (Uma entrevista)




Hoje, a cantora ALZIRINHA CAMARGO completaria 98 anos.

Nascida em 10 de dezembro de 1915 no bairro paulistano do Brás, Alzira de Camargo ficaria conhecida como Alzirinha Camargo no meio musical dos anos 30, onde era uma das mais queridas estrelas.

Já falamos sobre sua vida e carreira aqui: http://zip.net/bqlMph

Hoje, trago alguns trechos de uma entrevista realizada por Luiz Carlos Sarmento para o jornal Shopping News, de São Paulo, publicado no nº1240, em 16 de maio de 1976. A pesquisa desse periódico foi feita por Thais Matarazzo, que escreveu uma ótima monografia sobre Alzirinha Camargo.

A entrevista (postada aqui em duas partes), foi realizada em uma madrugada na casa de Alzirinha, tendo por companhia Geraldo Hudson, amigo da cantora, trazia o título Confissões de Alzira Camargo, 40 anos depois - Do Brás à Broadway.
Alzirinha contava sua vida e carreira, não escondendo as decepções que tinha em 1976:

"Não compreendo como alguns artistas do meu tempo passam por mim e fingem que não me reconhecem. É muito triste. Tenho medo de chegar para uma deles e perguntar na rua e perguntar: 'Alô, não lembra de mim?'. Será inveja? Ou medo de que olhando para mim eles percebam que envelheceram? Sinceramente, não entendo. A única coisa que sei é que dói muito.
É triste, você não acha? Eles não me cumprimentam mais...".

Depois de muitos anos morando no exterior, Alzirinha estranhou muito o cenário artístico quando retornou, nos anos 50. Tudo estava bem diferente do que ela havia deixado, nos anos 30:

"Minha volta ao Brasil, em dezembro de 1953, depois de treze anos de ausência, foi um desastre. Sofri um impacto muito grande, um choque muito violento. Um ambiente totalmente falso. Só dava fã-clube em cima de fã-clube, fabricando ídolos e talentos duvidosos. Eu, que sempre gostei de ser aplaudida por cinco ou seis pessoas que verdadeiramente reconheceriam a minha arte não podia entender aquela farta distribuição de faixas e coroas e toda aquela rasgarão de roupas no meio da rua. Senti-me totalmente deslocada. Positivamente, o ambiente era bem diferente daquele que eu havia deixado na década de trinta.".

O papo com Alzirinha foi no seu bem decorado apartamento, durante uma longa madrugada, com muito café – sua bebida preferida quando trabalha. Ela não perdeu o charme e ainda sabe cruzar as pernas. Seus olhos continuam terrivelmente verdes quando ela fala de quarenta anos atrás:

"É, 1936, foi o grande ano artístico de minha vida. Sai do Brás e fui para o Rio em novembro de 1935 e já no ano seguinte era sucesso na Rádio Tupi, que funcionava num barracão no bairro de Santo Cristo."

"Não tenho medo de enfrentar nenhum desses ídolos de agora. Quer que seja no palco ou diante das câmaras de Tv. É só ter oportunidade, pois cada valor tem seu estilo, sua maneira de se apresentar. Todos os artistas, mesmo aqueles que estão no Asilo do Retiro de Jacarepaguá, se fossem procurados para fazer alguma coisa, fariam como Carlitos fez em Luzes da Ribalta, pois os artistas são tocados pelo gênio de Deus. Não tem medo."

Sobre sua primeira excursão à Buenos Aires, em 1936:

"O Russo do Pandeiro também foi. Ele era sensacional. Foi o Canhoto, Francisco Alves que cantava o 'Quem quebrou o meu violão de estimação', 'Foi ela'... O Chico era meio amarradão, quase não se comunicava com o grupo. Mais vou te contar uma coisa: depois dele não apareceu ninguém mais.ídolo como ele, muito difícil. É verdade que agora temos um Roberto Carlos, sou fã de Roberto à beça. Roberto que me perdoe. Acho que dessa geração ele é o melhor e vai ser muito difícil desbanca-lo. Não vejo ninguém na frente de Roberto Carlos."

"De mulher do meu tempo Carmen é claro. Agora, tem uma menina, a Elis Regina, que eu considero cantora. Tem ritmo e faz o que quer com a música. Gosto muito de ouvi-la."


O Malho, 1936
http://memoria.bn.br


Sobre seus sucessos Meu Buenos Aires amigo e Ritmo do Coração, compostos para ela por Benedito Lacerda (o segundo em parceria com Herivelto Martins): 

"Gostaria muito de ter estes discos e outros que gravei. Parece incrível, mais não tenho nenhum deles." 

Sobre o filme O Grito da Mocidade, com Raul Roulien e sua mulher Conchita Montenegro, em 1937: 

"No filme eu fazia papel de enfermeira que muito amou o galã e que foi enganada e abandonada por ele. Chorei muito quando assisti o filme."


Ela torna a ir pegar mais um bule de café e na volta lembra-se de suas grandes amigas época:

"Tinha a Araci de Almeida, as Irmãs Pagãs, as Batista, a Elisinha Coelho, que cantava o Rancho Fundo; e Silvinha Melo, muito boa, noiva de Custodio Mesquita; a Roxane, que cantava em inglês e francês, a Dolly Ennor, cantora clássica. Gente bacana. Infelizmente, no Brasil, não dão oportunidade aos artistas de mais idade. Há um preconceito contra eles. Nos Estados Unidos eu vi Sofie Tucker, uma mulher de 75 anos, lotar um teatro e vi Mae West, de 80, arrancar aplausos de uma platéia de jovens."


De 49 a 51 Alzira percorreu a Espanha e foi para Portugal, estreando no Cassino Estoril. Regressando ao Brasil em 53, foi contratada pela Rádio Nacional para fazer um programa “Gente que Brilha” do saudoso Paulo Roberto:

" Pois é. Fiz o que pude e o que não pude para divulgar a nossa música no exterior e nunca fui recompensada por isso. Não compreendo este preconceito que existe contra mim."

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O Malho, 1939
http://memoria.bn.br


A entrevista com Alzirinha Camargo continua na próxima postagem.


Nas gravações seguintes há uma pequena curiosidade. Mesmo estando no mesmo disco, o lado B foi gravado em 18 de novembro de 1936, enquanto o lado A só seria gravado no dia 30 desse mesmo mês e ano.

Papai e Mamãe
Marcha de Benedito Lacerda e Herivelto Martins
Gravada por Alzirinha Camargo
Acompanhamento da Orquestra Odeon sob a direção de Simon Bountman
Disco Odeon 11.435-A, matriz 5469
Gravado em 30 de novembro de 1936 e lançado em janeiro de 1937


Porque Você não Vai!...
Samba de Benedito Lacerda e Herivelto Martins
Gravada por Alzirinha Camargo
Acompanhamento de Benedito Lacerda e Seu Regional
Disco Odeon 11.435-B, matriz 5453
Gravado em 18 de novembro de 1936 e lançado em janeiro de 1937








Agradecimento à Thais Matarazzo e ao Arquivo Nirez







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