terça-feira, 8 de janeiro de 2008

23 Anos sem Aracy Côrtes




Para um amante ardoroso da Música Popular Brasileira é impossível citar Aracy Côrtes sem se emocionar. O seu nome tem um ar de divindade e impõe respeito.
Para mim, Aracy Côrtes é sinônimo de MPB. Sua importância para a nossa cultura ainda não foi devidamente reconhecida pela maioria dos brasileiros, apesar das belas homenagens feitas a ela. Ouço suas gravações e me sinto atraído pelas menos famosas, aquelas oriundas dos palcos da Praça Tiradentes onde ela foi rainha, onde seus agudos e brejeirice enlouqueciam e hipnotizavam platéias. Suas histórias e lendas fascinam, mas o meu interesse maior é a verdadeira Aracy.

Muito se falou sobre sua fama de briguenta e desbocada. Fico me perguntando se ela não tivesse essa personalidade forte, será que teria triunfado numa época machista? Em uma época em que negaram o prêmio principal da Academia Nacional de Música à sua primeira colocada, a grande Zaíra de Oliveira por ela ser negra? Em uma época onde se uma moça não tivesse o pulso forte e a convicção que era talentosa conseguiria ter seu talento artístico reconhecido? Aracy percebeu isso e defendeu seu espaço.
Uma vez ela comentou: “Já pensou se eu tivesse nascido americana?”. Talvez tivesse seu temperamento cultuado e não criticado. Afinal, divas estrangeiras têm o direito sagrado de serem temperamentais e, muitas vezes, nós achamos isso o máximo. Já nossas divas parecem não possuir esse “privilégio”.
O talento e legado de Aracy segue engalanado e digno. A fragrância da Linda Flor fez-se música e podemos aprecia-la em suas gravações.

Entre inúmeros sucessos, coube a ela lançar e imortalizar, em 1928, o primeiro samba-canção "Linda Flor", gravado no começo de 1929 com o título de "Yayá" e mais conhecido como Ai Yôyô.
No dia 08 de Janeiro de 1985 Aracy falecia.

Como escreveu Evandro Teixeira no Jornal do Brasil por ocasião da data, "Quando seu corpo sair do Teatro Recreio (sic), onde está sendo velado desde ontem, para o Cemitério São João Batista, onde será sepultado às 9 horas de hoje, mais que uma época, toda uma arte estará partindo com ela."

PS. O corpo de Aracy foi velado no Teatro João Caetano. O teatro recreio já havia sido demolido.






Agradeço ao Acervo Nirez pela foto do Jornal do Brasil e ao meu amigo Carlos Branco que me ajudou na revisão.

A foto de Aracy jovem (aos 20 anos, em 1924) pertence à capa do livro "Aracy Côrtes - Linda Flor", de Roberto Ruiz, publicado em 1984 pela Funarte, em comemoração aos 80 anos de Aracy.


Pesquisa de MARCELO BONAVIDES.


IMPORTANTE!
Se você gostou das matérias e for copiá-las, FAVOR colocar o crédito das fotos e texto, bem como o nome do pesquisador. Obrigado.










2 comentários:

  1. MUITO LEGAL O TEU BLOG, ACHEI MUITO BACANA RESGATAR NOSSOS ANTIGOS ARTISTAS DA MPB!
    PARABÉNS PELO BLOG, ACHEI ELE MARAVILHOSO!
    ABRAÇÃO!!!

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  2. Apenas discordo em uma coisa: a arte é imortal, por isso, Aracy Côrtes permanece viva.

    Um grande beijo,

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