quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SINHÔ E SUAS INTÉRPRETES

Sinhô em 1926, na ocasião do lançamento do maxixe Pega-Rapaz.
Arquivo Almirante - Museu da Imagem e do Som
Livro Nosso Sinhô do Samba, de Edgard de Alencar.
Arquivo Marcelo Bonavides



  

Há 87 anos falecia o compositor José Barbosa da Silva, SINHÔ, O Rei do Samba.

Sinhô nasceu em 18 de setembro de 1888 no Rio de Janeiro.

No final da década de 1910, teve suas primeiras músicas gravadas. Em 1919, um cantor novato registrava na gravadora Popular (de propriedade do esposo de Chiquinha Gonzaga, João Gonzaga) três músicas de Sinhô: O Pé de AnjoFala, Meu Louro (Papagaio Louro) e Alivia Esses Olhos. O jovem era o cantor e, então ator, Francisco Alves, o futuro Rei da Voz. Ele era acompanhado pelo coro formado por suas sobrinhas.



Nos anos 20, Sinhô consagrou-se na música popular, escrevendo muitas peças musicais para o teatro de revista, tendo suas músicas gravadas em discos pelos grandes intérpretes da época e, até, sendo coroado em São Paulo, em 1927, Rei do Samba, pelo escritor Oswald de Andrade. Era a elite intelectual e artística paulistana reconhecendo o valor da música popular.

Em 1930, estava consagrado como compositor, porém, sua carreira e vida foram interrompidas no dia 04 de agosto. Sinhô era tuberculoso e teve uma crise de hemoptise (quando a pessoa tosse sangue), vindo a falecer. Eram 17:45 da tarde e ele estava a bordo da barca que o levava à estação da Cantareira, no Rio de Janeiro.

Seu velório e enterro foram dos mais concorridos, mesmo com a presença de intelectuais e artistas, foi o povo quem se destacou na ocasião, as pessoas anônimas que amavam sua música e conviviam com a pessoa do compositor.


Hoje, trago novamente um tema interessante: As mulheres que gravaram Sinhô na fase do disco de cera, o 78 rpm.

Entre suas gravações mecânicas ou elétricas, o número de homens que registraram suas músicas é muito maior ao das mulheres. Foram aproximadamente 27 homens, de Bahiano (em 1918) até Mário Reis (em 1960, regravando alguns de seus sucessos). Quanto às mulheres, foram apenas 07, de Rosa Negra (1928) à Dercy Gonçalves (1958). Isso sem contar com o coro formado por aproximadamente duas sobrinhas de Francisco Alves nas primeiras gravações do cantor, em 1919.
Aracy Côrtes lançou vários sucessos de Sinhô no teatro de revista, entre eles, Jura, tendo que repetir a música sete vezes na estreia, o que levou o compositor aos prantos.

A lista de cantoras que gravaram Sinhô em 78 rpm é a seguinte: Rosa Negra, Aracy Côrtes, Lucy Campos, Carmen Miranda, Ita Caiuby, Yolanda Osório e Dercy Gonçalves.

As que mais gravaram foram Aracy Côrtes (Jura e Mal de Amor) e Carmen Miranda (Burucuntum e Feitiço Gorado). As demais gravaram apenas uma música, Rosa Negra e Lucy Campos fizeram parceria com Francisco Alves. Yolanda Osório inaugurava um novo estilo musical, o choro canção, com Meus Ciúmes.


Vamos às cantoras e suas gravações!




ROSA NEGRA

ROSA NEGRA
http://memoria.bn.br



NÃO QUERO SABER MAIS DELA
Samba
Gravado em parceria com Francisco Alves
Acompanhamento da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana
Disco Odeon 10.100-A, matriz 1456-I
Lançado em 1928






ARACY CÔRTES

ARACY CÔRTES
http://memoria.bn.br



JURA
Samba
Acompanhamento de Simão Nacional Orquestra
Disco Parlophon 12.868-A, matriz 2071
Lançado em novembro de 1928



MAL DE AMOR
Samba Canção
Acompanhamento da Orquestra Brunswick
Disco Brunswick 10.158-B, matriz 601
Lançado em 1931





LUCY CAMPOS

LUCY CAMPOS
http://memoria.bn.br



SE MEU AMOR ME VÊ
Samba
Gravado em parceria com Francisco Alves
Acompanhamento da Orquestra Pan American, sob a direção de Simon Bountman
Disco Odeon 10.564-B, matriz 3271
Lançado em fevereiro de 1930





CARMEN MIRANDA

CARMEN MIRANDA
http://memoria.bn.br



BURUCUNTUM
Samba
Acompanhamento da Orquestra Victor
Disco Victor 33.259-B, matriz 50161-2
Gravado em 22 de janeiro de 1930 e lançado em fevereiro






FEITIÇO GORADO
Samba
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 33.375-B, matriz 50448-2
Gravado em 11 de agosto de 1930 e lançado em março de 1932





ITA CAIUBY

ITA CAIUBY
Arquivo Nirez



CANJIQUINHA QUENTE
Samba
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.704-A, matriz 3912-1
Lançado em novembro de 1930





YOLANDA OSÓRIO

YOLANDA OSÓRIO
http://memoria.bn.br



MEUS CIÚMES
Choro Canção
Acompanhamento da Orquestra Brunswick
Disco Brunswick 10.149-A, matriz 569
Lançado em 1931





DERCY GONÇALVES

DERCY GONÇALVES
http://anarcolitico.blogspot.com.br



JURA
Samba
Acompanhamento de Conjunto
Disco Mocambo 15.210-B, matriz R-938
Lançado em 1958
















Agradecimento ao Arquivo Nirez










Um comentário:

  1. É isso aí, Marcelo, foram poucas as cantoras que gravaram Sinhô na época em que o compositor estava vivo. Mas os fonogramas que saíram depois de sua morte em vozes femininas também foram poucos. Há duas gravações que saíram pelo selo Colector's, interpretadas por Dircinha Batista na Rádio Nacional (Sabiá e Macumba Gegê) no início da década de 50. Depois houve a gravação de "Jura" em 1957 por Dercy Gonçalves pelo selo Mocambo. Depois foi a vez da cantora Ana Maria Brandão, um disco inteiro. A Emilinha Borba também gravou junto com o Jorge Goulart, um trecho de "O Pé de Anjo", mas cantam junto com um coro. Depois houve a Zezé Motta em dupla com Joel Teixeira: "Não Quero Saber Mais Dela". Entre outras também as cantoras Ná Ozetti (várias músicas), Clara Sandroni (várias músicas), Ceumar (Maldito Costume), Adriana Marques (Não Quero Saber Mais Dela) e Teca Calazans (Chequeré). De qualquer forma, em comparação aos homens, são poucas as intérpretes de Sinhô.

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