sábado, 2 de dezembro de 2017

FRED FIGNER - 151 ANOS

FRED FIGNER
data-limite-2019.blogspot.com.br


Há 151 anos nascia o empresário e filantropo FRED FIGNER.

Nascido em 02 de dezembro de 1866 na antiga Tchecoslováquia, Frederico Figner chegou ao Brasil em 1891, aos 26 anos, exibindo uma das maravilhas inventadas no fim do século XIX, o fonógrafo, projetado por Thomas Edison. Desembarcando em Belém (PA), Fred Figner chamou a atenção das pessoas, que ficavam maravilhadas ao ouvir os sons do aparelho, tendo também suas vozes gravadas e reproduzidas logo em seguida. Hospedado em um hotel, ele aproveitou uma companhia teatral que estava no local e fez algumas gravações, sem esquecer os ritmos brasileiros como modinhas e lundus. Em seguida, seguiu para várias capitais do Nordeste, apresentando-se em Fortaleza, onde o fonógrafo foi exibido no Passeio Público e no bairro de Porangaba, na Intendência Municipal.

Percebendo um próspero negócio, passou a vender fonógrafos e cilindros. Com o sucesso das vendas inaugurou alguns estabelecimentos. A partir de 1897, recrutou os cantores Bahiano (Manuel Pedro dos Santos) e Cadete (Manuel Evêncio da Costa Moreira) para gravarem os primeiros cilindros comerciais. E em 1900, fundou a Casa Edison, em homenagem ao inventor americano. Esse estabelecimento vendia vários artigos, como objetos de escritórios, brinquedos, utilidades, acessórios e, também, cilindros, fonógrafos, gramofones e discos (na época chamados de chapas). 



O Echo Phonographico, setembro de 1902.
Arquivo Público do Estado de São Paulo.






O Echo Phonographico, setembro de 1902.
Arquivo Público do Estado de São Paulo.


Graças a sua aguçada visão comercial, a Casa Edison passou a ser nossa primeira gravadora de discos. Figner fez um puxado em sua loja e ali colocou os aparelhos necessários, com a ajuda de um técnico alemão, para o início de nossa indústria fonográfica. As primeiras gravações se deram em janeiro de 1902 e a maioria das provas foi aproveitada, indo para a Alemanha para servirem de matrizes para a impressão dos discos.

Vários artistas participaram dessas primeiras sessões de gravações, como Bahiano, Cadete, o flautista Pattápio Silva, a Banda do Corpo de Bombeiros. As gravações (que foram aproveitadas), iam para a Alemanha e voltavam impressas em discos. Dessa forma se torna impossível dizer quem foi o primeiro artista a gravar um disco no Brasil. Não há registros afirmando isso, podendo ter sido uma das matrizes que não foram aproveitadas. Porém, no Catálogo da Casa Edison para 1902, o lundu Isto é Bom, de Xisto Bahia, gravado por Bahiano, aparece em disco com a primeira numeração, 10.001, selo Zon – O – Phone. Mais uma vez lembro, não podemos afirmar ter sido a primeira gravação realizada no Brasil; embora tenha sido o primeiro disco catalogado.


Dos primeiros artistas a gravarem para a Casa Edison ficaram famosas as Senhoritas, Odette, Consuelo e Diva; ainda destacamos Mário Pinheiro, Eduardo das Neves, as atrizes Pepa Delgado e Júlia Martins, os cançonetistas Os Geraldos, a Inimitável Risoletta, Nozinho, João Barros, entre outros.


BAHIANO
Biblioteca Nacional


CADETE
www.onordeste.com


EDUARDO DAS NEVES
Arquivo Nirez


PEPA DELGADO
Biblioteca Nacional


MÁRIO PINHEIRO
Arquivo Nirez




OS GERALDOS
Acervo Humberto Franceschi


Fred Figner também foi um homem ligado ao filantropismo e ao espiritismo kardecista. Informações contam que a atriz Pepa Delgado foi uma das artistas que mais se empenharam para a fundação da Casa dos Artistas, o futuro Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro. A atriz teria convencido Figner a ceder um terreno seu terreno em Jacarepaguá para a construção do retiro. Seu primeiro contato com o espiritismo se seu com Pedro Sayão, pai da cantora Bidu Sayão. Um fato curioso se deu quando Fred Figner faleceu, em 19 de janeiro de 1947, no Rio de Janeiro: o empresário deixou de herança para o médium Chico Xavier um cheque com um alto valor, que ajudaria suas necessidades. Porém, o médium mineiro recusou o cheque, enviando para as filhas de Figner, que voltaram a devolver. Nesse vai-vem, Chico Xavier teve a ideia de que a quantia fosse endereçada à Federação Espírita Brasileira, para obras assistenciais em prol da Doutrina Espírita, no que foi atendido. O livro psicografado por Chico Xavier, intitulado Voltei, é da autoria do espírito Irmão Jacob, que seria o próprio Fred Figner escrevendo do plano espiritual, mas isso é assunto para outra ocasião.


Fred Figner já idoso.
aron-um-espirita.blogspot.com.br

Trago algumas gravações feitas por artistas da Casa Edison na primeira década do século XX.



ESCUTA
Modinha
Gravada por Cadete
Acompanhamento de violão
Disco Zon – O – Phone X – 1.006
Lançado em 1902



SEU NICOLAU
Gravado por Bahiano
Disco Zon – O – Phone X – 507
Lançado em 1903






DESPEDIDA
Dueto
Gravado por Os Geraldos
Disco Odeon Record 40.404
Lançado em 1905





O VENDEIRO E A MULATA
Dueto
Gravado por Pepa Delgado e Mário Pinheiro
Acompanhamento de piano
Lançado em 1905





YAYAZINHA (EU TENHO UMA)
Lundu Alegre
Gravado por Eduardo das Neves
Disco Odeon Record 108.074, matriz XR – 607
Gravado e lançado em 1907





OLHAR DE SANTA
Lundu
Gravado por Nozinho
Disco Odeon Record 108.264
Lançado em 1910





TOMBO DO RIO
Tango
Gravado por Risoleta
Acompanhamento de violão
Disco Odeon Record 108.753
Lançado em 1913





AI QUE GOSTOS
Dueto de Bahiano
Gravado por Júlia Martins e Bahiano
Disco Odeon Record 120.439
Lançado em 1913












Agradecimento ao Arquivo Nirez












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