quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

RELEMBRANDO CARMÉLIA ALVES, A RAINHA DO BAIÃO

CARMÉLIA ALVES
Carioca, 1948
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Vamos relembrar a cantora CARMÉLIA ALVES, A Rainha do Baião.    

Carmélia Alves Curvello nasceu no Rio de Janeiro em 14 de fevereiro de 1923. Era filha de Adelina e Raimundo. Sua mãe era baiana e seu pai, cearense. Era a terceira filha do casal. Ainda pequenina, foi morar com a família em Areal, localidade de Petrópolis, onde se criou. Seu pai a embalava com canções nordestinas.


Aos 17 anos de idade, Carmélia voltou a morar no Rio de Janeiro para estudar, indo morar na casa de parentes. Interessada por música ficava encantada ao ouvir no rádio as músicas cantadas por Carmen Miranda, de quem se tornou fã. Incentivada por seu irmão, que achava que ela tinha uma bela voz, participou de diversos programas de calouros, sendo aprovada em todos, inclusive no de Ary Barroso, que era o mais exigente para com os aspirantes a cantores.


CARMÉLIA ALVES
Carioca, 1940
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CARMÉLIA ALVES
Carioca, 1940
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Sua carreira como cantora teve inicio em 1940, quando Barbosa Júnior a contratou para se apresentar, com cachê fixo, no programa Picolino, cantando músicas do repertório de Carmen Miranda. Em meados de 1940, participou do programa Casé, substituindo uma cantora. Ouvida por César Ladeira, diretor da Rádio Mayrink Veiga, foi contratada por ele, que buscava uma substituta para Carmen Miranda, que havia ido morar nos EUA.

Na Mayrink Veiga, Carmélia Alves ganhou um programa semanal, ganhando 800 mil-réis por mês, uma ‘fortuna” para a época.

No ano seguinte, 1941, foi contratada como crooner do Copacabana Palace, ganhando 100 mil-réis por dia, apresentando-se no programa Ritmos da Panair, que era apresentado por Murilo Neri e transmitido por todo o Brasil pela Rádio Nacional.

CARMÉLIA ALVES
Fon Fon, 1941
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CARMÉLIA ALVES
Fon Fon, 1944
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Foi nesse ano de 1941 que ela foi considerada pela crítica especializada do Rio de Janeiro como a melhor crooner.

Também, nesse ano, conheceu no Copacabana Palace, José Andrade Nascimento Ramos, paulista de Franca, que se apresentava como Jimmy Lester, cantando músicas americanas. Ela e Jimmy se casaram em três meses.

CARMÉLIA ALVES E JIMMY LESTER
Fon Fon, 1944
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Nos discos, participou do coro de alguns artistas, como na gravação da marcha Aurora, gravada por Joel & Gaúcho, e em várias gravações de Benedito Lacerda na RCA Victor, sempre no coro.

Seu primeiro disco foi gravado em 1943 pela Victor e ela teve que financiá-lo com 400 mil-réis de suas economias. Contou com a ajuda do amigo Benedito Lacerda, que a acompanhou, juntamente com os músicos de seu regional, sem que ninguém cobrasse nada. Vários artistas também participaram do coro, como Elizeth Cardoso, Cyro Monteiro e Nelson Gonçalves. De um lado, Carmélia registrou a batucada de Assis Valente, Quem dorme no ponto é chofer, e o samba Deixei de sofrer, de Horondino Silva e Popeye do Pandeiro.

Mesmo com o sucesso do disco, afastou-se um período de gravações, excursionando pelo Brasil com o marido, retornando ao Rio de Janeiro em 1948, retomando seu posto da Rádio Mayrink Veiga.

Voltou a gravar em 1949 pela Continental. No primeiro disco de seu retorno às gravações, trazia o samba Diga que sim, de Roberto Martins e Ari Monteiro.

Ao longo da década de 1950 continuou a ser uma das mais populares cantoras de nossa música, interpretando vários ritmos, entre eles o baião. Segundo o Dicionário Ricardo Cravo Albin da Música Popular Brasileira, “de 1950 a 1954, manteve-se na gravadora continental, na Rádio Nacional e no topo das paradas como Rainha do Baião”.



CARMÉLIA ALVES
Fon Fon, 1941
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CARMÉLIA ALVES
Carioca, 1942
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Em 1940, no início de sua carreira, a revista Carioca publicou uma matéria sobre Carmélia Alves cujo título era Nasce uma Estrela. O artigo afirmava que a nova cantora era uma legítima representante do sambinha nacional, com uma voz tão agradável como a de Carmen Miranda, “com balagandãs e tudo...”. Falava de seu contrato com a Rádio nacional, PRE-8, e sobre seu início como artista. Ela respondeu: “Nasci em Bangú, mas torço pelo Flamengo. [...] Tive inicio no radio ha bem pouco tempo: em abril deste mesmo ano (1940, nota nossa). Antes cantava comigo mesma. Muita gente pensa para si mesma; eu pensava cantando... E continuo a pensar... Enfrentei pela primeira vez um microfone no tradicional ‘Picolino’, do querido ‘Brabosa’. Ele parece que me achou qualquer coisa digna de ser aproveitada – e eu continuei a cantar, de dia, aquí (sic), na PRE-8. Depois... [...] cantei no ‘Programa Casé’, e estive a pique de ir parar na Radio Mayrink Veiga. Todavia o contrato da Nacional chegou antes; e fiquei satisfeita, porque foi aqui que iniciei a minha carreira”.

Em 1942, em uma nova reportagem de Carioca, Carmélia Alves já era contratada da Rádio Mayrink Veiga.


CARMÉLIA ALVES E JIMMY LESTER
Carioca, 1944
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Carmélia Alves continuou sua carreira, apresentando-se em shows, até pouco antes de falecer, no Rio de Janeiro, em 03 de novembro de 2012, aos 89 anos de idade.


Vamos conferir algumas de suas gravações realizadas entre 1943 e 1955.




DEIXEI DE SOFRER
Samba de Horondino Silva (Dino) e Popeye do Pandeiro
Gravado por Carmélia Alves
Acompanhamento de Benedito Lacerda e Seu Conjunto
Disco Victor 80-0132-A, matriz S-052838-1
Gravado em 22 de setembro de 1943 e lançado em dezembro




QUEM DORME NO PONTO É CHOFER
Batucada de Assis Valente
Gravada por Carmélia Alves
Acompanhamento de Benedito Lacerda e Seu Conjunto
Disco Victor 80-0132-B, matriz S-052839-1
Gravado em 22 de setembro de 1943 e lançado em dezembro





DIGA QUE SIM
Samba de Roberto Martins e Ari Monteiro
Gravado por Carmélia Alves
Acompanhamento de Fats Elpídio e Seu Ritmo
Disco Continental 16.048-A, matriz 2066
Lançado em maio/junho de 1949





CORAÇÃO MAGOADO
Samba de Roberto Martins
Gravado por Carmélia Alves
Acompanhamento de Severino Araújo e Sua Orquestra
Disco Continental 16.151-B, matriz 2224
Gravado em 21 de novembro de 1949 e lançado em janeiro de 1950





VOLTA
Samba de Roberto Martins e Lamartine Babo
Gravado por Carmélia Alves
Acompanhamento de Severino Araújo e Sua Orquestra
Disco Continental 16.298-A, matriz 1410
Gravado em 1950 e lançado em setembro/outubro de 1950





O BAIÃO EM PARIS
Baião de Humberto Teixeira
Gravado por Carmélia Alves
Acompanhamento de Vero e Seu Conjunto
Disco Continental 16.360-A, matriz 1545
Gravado em 29 de janeiro de 1951 e lançado em março/abril





ADEUS, ADEUS MORENA
Baião de Manezinho Araújo e Hervê Cordovil
Acompanhamento de Vero e Seu Conjunto
Disco Continental 16.360-B, matriz 2546
Gravado em 29 de janeiro de 1951 e lançado em março/abril





CABEÇA INCHADA
Baião de Hervê Cordovil
Gravado por Carmélia Alves
Acompanhamento de Orquestra
Disco Continental 16.378-A, matriz 2588
Gravado em 27 de março de 1951 e lançado em maio





EH BOI
Baião de Hervê Cordovil
Gravado por Carmélia Alves
Acompanhamento de Orquestra
Disco Continental 16.378-B, matriz 2589
Gravado em 27 de março de 1951 e lançado em maio





NO MUNDO DO BAIÃO I
Baião Potpourri de Humberto Teixeira e Luís Gonzaga
Gravado por Carmélia Alves
Acompanhamento de Sivuca ao acordeon
Disco Continental 16.413-A, matriz 2607
Gravado em 1951 e lançado em julho/setembro





NO MUNDO DO BAIÃO II
Baião Potpourri de Humberto Teixeira e Luís Gonzaga
Gravado por Carmélia Alves
Acompanhamento de Sivuca ao acordeon
Disco Continental 16.413-B, matriz 2608
Gravado em 1951 e lançado em julho/setembro





ESTA NOITE SERENOU
Toada Baião de Hervê Cordovil
Gravada por Carmélia Alves
Acompanhamento de Orquestra
Disco Continental 16.453-A, matriz 2669
Gravado em 1951 e lançado em outubro/dezembro





CAFUNDÓ
Baião de Luís Bandeira
Gravado por Carmélia Alves
Acompanhamento de Conjunto Regional
Disco Continental 17.038-B, matriz C-3475
Gravado em 30 de agosto de 1954 e lançado em agosto/outubro





VOANDO PRA PARIS
Baião de Humberto Teixeira
Gravado por Carmélia Alves
Acompanhamento de Conjunto e Coro
Disco Copacabana 5.464-A, matriz M-1233
Lançado em agosto/setembro de 1955





PAU DE ARARA
Baião de Guio de Morais
Gravado por Carmélia Alves
Acompanhamento de Conjunto
Disco Copacabana 5.464-B, matriz M-1234
Lançado em agosto/setembro de 1955

















Agradecimento ao Arquivo Nirez








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