terça-feira, 30 de janeiro de 2024

RELEMBRANDO PAULO DA PORTELA

PAULO DA PORTELA
Diário Carioca, 1933
http://memoria.bn.br





Hoje, vamos relembrar o compositor e cantor PAULO DA PORTELA.

Paulo Marques de Oliveira (há fontes que citam Paulo Benjamin de Oliveira) nasceu no Rio de Janeiro em 18 de junho de 1901. Era filho de Joana Baptista da Conceição e Mário Benjamin de Oliveira. Com seu pai ausente, foi criado por sua mãe, um irmão mais velho e uma irmã mais nova, no bairro da Saúde e Estácio de Sá.


Para ajudar sua mãe, começou a trabalhar cedo em uma pensão. Também entregava marmitas em domicílio e, mais tarde, passou a trabalhar como lustrador de móveis.
 
Em 1920, sua família se mudou para Oswaldo Cruz, onde foram morar em uma casinha de vila que hoje corresponde ao número 338 da Estrada da Portela. Foi nessa época que iniciou suas atividades carnavalescas, no Bloco Moreninhas de Bangu.
 
No início da década de 1920, Paulo fundou o primeiro bloco de Oswaldo Cruz, Ouro Sobre Azul, que era mais no estilo dos ranchos que do samba.  
 
Frequentando a casa de seu napoleão (pai de Natal da Portela), grande festeiro do bairro, passou a conviver com sambistas como Ismael Silva, Baiaco, Brancura, Aurélio, que foram trazidos do Estácio por D. Benedita, irmã de seu Napoleão.
 
Ainda fundaria, em 1922, o bloco Baianinhas de Oswaldo Cruz, ao lado de Antônio Rufino dos reis e Antônio da Silva Caetano, futuros fundadores da Portela.
 
Em 11 de abril de 1926, surgia o Conjunto Carnavalesco Escola de Samba de Oswaldo Cruz, onde Paulo teve importante papel de líder, produtor, relações públicas, organizando eventos, fazendo discursos e lutando para que o samba e as escolas de samba tivessem o seu devido reconhecimento.
 
A participação pública de Paulo da Portela logo o fez um líder classista muito considerado por seus pares e por alguns jornalistas, que viam nele despontar uma estrela do proletariado, segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.
 
Como cantor, Paulo da Portela gravou três músicas em 1930, pela gravadora Brunswick. O gostoso samba Trapaiada, de Heitor dos Prazeres ainda hoje é contagiante. De Heitor dos Prazeres, também gravou Vou te Abandonar e Tia Chimba.
 
Já como compositor, foi gravado em 1931 por Mário Reis na Odeon, com o samba Quem espera sempre alcança. Carlos Galhardo gravaria, em 1938, Cantar pra não chorar, de Paulo da Portela e Heitor dos Prazeres. Em 1944, José de Oliveira Santos gravou Não pode ser, de Paulo da Portela e Carlos Xavier de Andrade. Já em 1945, Linda Rodrigues gravou, dele e Paquito, Arma Perigosa.
 
Em 1932, participou da fundação da UES (União das Escolas de Samba). Em 1935, a escola Vai como Pode (futura Portela), ganhou o desfile das escolas de samba com Linda Guanabara, de sua autoria. Nesse mesmo ano a escola passou a se chamar G. R. E. S. Portela e Paulo da Portela foi eleito pelo voto popular como o maior compositor das escolas de samba, em concurso promovido pelo jornal A Nação.


A Nação, 19 de abril de 1935
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A Nação, 19 junho de 1935
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A Nação, 09 de agosto de 1935
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Em 1936, foi eleito Cidadão-Momo e, em 1937, Cidadão-Samba. Os títulos lhe deram status na sociedade carioca e geraram algumas inimizades.
 
Participou, de dezembro de 1937 a janeiro de 1938, da Embaixada do Samba, grupo que viajou em turnê de shows pelo Uruguai, onde também foram Heitor dos Prazeres, Marília Batista, a violonista Ivone Rabelo, o maestro Júlio de Souza e os Turunas Cariocas.
 
No ano de 1938, participou da Embaixada da Favela, que era chefiada pelo cantor Francisco Alves e fez apresentações em São Paulo.
 
Com seu samba Teste de Samba, a Portela foi campeã em 1939. Essa música seria apontada como o primeiro samba enredo, uma vez que conseguiu estruturar toda a escola em função de seu samba, ao contrário dos outros compositores, que criavam a música a partir de um enredo determinado.
 
Entre atuações no rádio, vitórias e rusgas com sua escola, Paulo receberia, em agosto de 1941, na Portela, Walt Disney e enorme comitiva.
 
Paulo da Portela também apareceu no cinema, como figurante em três longas metragens: Favela dos Meus Amores (1935), de Humberto Mauro; O Bobo do Rei (1937), de Mesquitinha, e Pureza (1940), de Chianca de Garcia.
 
Casado desde junho de 1939 com maria Elisa dos Santos, Paulo da Portela faleceu no Rio de Janeiro em 30 de janeiro de 1949, vitimado por um ataque cardíaco.
 

Em 1965, sua composição Pam-pam-pam-pam foi incluída do show e LP Rosa de Ouro, célebre espetáculo que trouxe de volta aos palcos a estrela da música popular Aracy Côrtes e revelou talentos como Clementina de Jesus e Paulinho da Viola.



Carioca, 1939
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RECORTES SOBRE PAULO DA PORTELA


Diario Carioca, 22 de março de 1933, p.11
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A Manhã, 05 de setembro de 1935, p.05
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A Manhã, 10 de setembro de 1935, p.05
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O Radical, 06 de dezembro de 1935, p.04 
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A Batalha, 08 de outubro de 1936, p.05
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Correio da Manhã, 09 de outubro de 1936, p.08
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A Batalha, 10 de setembro de 1939, p.04
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GRAVAÇÕES DE PAULO DA PORTELA


Paulo da Portela Intérprete


TIA CHIMBA
Embolada de Heitor dos Prazeres
Gravada por Paulo da Portela
Acompanhamento do Grupo dos Prazeres
Disco Brunswick 10.037-A, matriz 259
Lançado em março de 1930


 
VOU TE ABANDONAR
Samba de Heitor dos Prazeres
Gravado por Paulo da Portela
Acompanhamento do Grupo dos Prazeres
Disco Brunswick 10.037-B, matriz 261
Lançado em março de 1930


 
TRAPAIADA
Samba de Heitor dos Prazeres
Gravado por Paulo da Portela
Acompanhamento do Grupo dos Prazeres
Disco Brunswick 10.038-A
Lançado em março de 1930




Paulo da Portela Compositor
 
 
QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA
Samba de Paulo da Portela
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento de Conjunto
Disco Odeon 10.837-B, matriz 4272
Lançado em 1931


 
CANTAR PRA NÃO CHORAR
Samba de Heitor dos Prazeres e Paulo da Portela
Gravado por Carlos Galhardo
Acompanhamento no Conjunto Regional RCA Victor
Disco Victor 34.278-B, matriz 80634-1
Gravado em 15 de dezembro de 1937 e lançado em fevereiro de 1938


 
NÃO PODE SER
Samba de Paulo da Portela e Carlos Xavier de Andrade
Gravado por José de Oliveira Santos
Acompanhamento de Benedito Lacerda e Conjunto
Disco PR-63-B, matriz PR-63-B
Lançado em 1944
 


ARMA PERIGOSA
Samba de Paquito e Paulo da Portela
Gravado por Linda Rodrigues
Acompanhamento de Conjunto
Disco Continental 15.423-A, matriz 1136-1
Lançado em setembro de 1945














Agradecimento ao Arquivo Nirez










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