quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

RELEMBRANDO ABIGAIL MAIA

ABIGAIL MAIA
Theatro & Sport, 11 de outubro de 1919.
http://memoria.bn.br





Vamos relembrar a atriz e cantora ABIGAIL MAIA.                                                      

Um dos mais importantes nomes de nosso teatro, Abigail Maia marcou várias gerações com seu talento e carisma.

Confiram sua vida e trajetória artística. 



Abigail Maia nasceu no Rio de Janeiro em 16 de setembro de 1887, sendo filha de atores famosos, Balbina Maia e Joaquim da Costa Maia.

Joaquim da Costa Maia era português e, ao se transferir para o Rio de Janeiro, pretendia trabalhar no comércio. Porém, sua verdadeira vocação era o teatro, onde estreou em 1866. Quando atuava no Theatro Recreio Dramático conheceu a atriz Balbina, que estava viúva e mãe de dois filhos. Por volta de 1874 eles se casaram, tendo os filhos Magnus e Abigail.

A pequena Abigail, aos cinco anos de idade, já cantava, sendo acompanhada por seu pai na guitarra portuguesa ou por Magnus, ao violão. Seus pais não queriam que ela seguisse a carreira artística.

Em 1897, Joaquim Maia faleceu e Abigail precisou viajar com sua mãe, que estava contratada pela Companhia Dias Braga. Em 1898, faleceu seu irmão Magnus, aos 23 anos de idade.




ABIGAIL MAIA
Arquivo Nirez




ABIGAIL MAIA
Arquivo Nirez



Em 1902, aos 15 anos de idade, estando em Porto Alegre, Abigail Maia fez sua estreia no teatro, substituindo uma atriz no vaudeville Maridos na Corda Bamba, onde sua mãe atuava como primeira atriz. Quando retornou ao Rio de Janeiro não pretendia seguir a carreira nos palcos, mas, em 1903, aceitou a contragosto o convite para atuar na pela A Fada de Coral, na Companhia Silva Pinto, interpretando a princesa Açucena. Sua mãe também trabalhava nessa companhia.

Abigail Maia se casou em 1903, aos 16 anos. Com Joaquim da Silva Braga. Sua filha mais velha nasceu em 1905, porém, o marido faleceu nesse mesmo ano, vitimado pela tuberculose.



ABIGAIL MAIA
Theatro & Sport, 26 de março de 1921.
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Em meio às dificuldades financeiras, ela aceitaria ingressar definitivamente na carreira artística, ingressando na Companhia Luso-Brasileira, do empresário lago, no Theatro São Pedro, atuando um ano e meio em revistas musicais. Estreou com a revista Flor de Junho, da autoria do paulista José Pisa, excursionando com ela por vários estados.

Com uma carreira movimentada e em ascensão, Abigail Maia seria contratada por uma empresa para atuar em Portugal em 1909, retornando ao Brasil em 1911, quando sua mãe, a atriz Balbina Maia, faleceu.

Ela se casaria novamente em 1909 com o maestro e compositor Luís Moreira. Seu segundo filho nasceria em 1910, em Portugal. Ela lhe daria o nome de seu irmão, Magnus.


ABIGAIL MAIA
Theatro & Sport, 23 de agosto de 1924.
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Ela e o marido seriam contratados da empresa dirigida por José Loureiro, excursionando por várias cidades.

Em 1914 eles conheceriam, em Santos, o humorista João Phoca e resolveram formar um trio: Abigail cantava, Luís tocava piano e João fazia divertidas conferências. Assim, percorreram São Paulo e o interior do estado. A imprensa a chamava de Rainha da Canção Brasileira. O trio durou até 1915, quando João Phoca faleceu.


ABIGAIL MAIA
O Paiz, 16 de setembro de 1915, p.04.
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Em maio de 1920, Luís Moreira faleceria. Em 1921, Abigail Maia se casaria com Oduvaldo Vianna, tendo duas filhas com ele.

Ainda em 1920, contratada pela empresa de Pascoal Segreto para ser a estrela do Theatro São Pedro, ela brilhou em Jurity, peça de Viriato Correia, com música de Chiquinha Gonzaga, atuando ao lado de Vicente Celestino.

ABIGAIL MAIA
Theatro & Sport, 15 janeiro de 1916.
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ABIGAIL MAIA
Theatro & Sport, 11 de outubro de 1919.
http://memoria.bn.br


Ao lado de Vicente Celestino, brilhou também em peças de Oduvaldo Viana, como Flor da NoiteClube dos Pierrôs e Amor de Bandido.

Abigail Maia seguiu sua carreira no teatro, onde era aclamada como uma de nossas maiores artistas, mas também destacou-se no cinema, vivendo Cecy no filme O Guarany, dirigido por João de Deus e lançado em 1920 pela Carioca-Film, baseado no romance homônimo de José de Alencar, trazendo ainda Carmen Ruiz, Humberto Catalano e Pedro Dias, vivendo Pery.



ABIGAIL MAIA (à esquerda) e JOSEPHINA BARCO em O Guarany, 1920.
Theatro & Sport, 11 de setembro de 1920.
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Ingressou na Rádio Nacional, atuando como rádio atriz, em 1940, emocionando os ouvintes em suas atuações em rádio novelas. Um de seus destaques foi como Conceição, na novela O Direito de Nascer.

Em 1967, aos 80 anos de idade, ela resolveu se aposentar.



RODOLFO MAYER, ABIGAIL MAIA E FLORIANO FAISSAL
https://jornalggn.com.br/blog/abigail-maia-in-memoriam
Página de Luciano Hortêncio




Gravações

Sua primeira gravação aconteceu em 1912, tendo Abigail Maia gravado a canção brasileira O Beijo e os Sentidos, e a canção caipira Nhô D. Juca, ambas em arranjo de Luís Moreira, lançadas em disco pelo selo Phoenix Record.

Em 1913, Abigail Maia gravaria, pelo selo Gaúcho Record, o tango Mulata Pernóstica, arranjo de Luís Moreira, e o desafio nortista, Rolinha, gravado com Olímpio Nogueira. Essas músicas seriam lançadas nesse mesmo ano pelo selo Phoenix Record.

Pela Odeon Record, em 1916, ela lançaria as canções SúplicaFaceira, o coco baiano O Cumbuco e o Balaio e o batuque paulista Chico, Mané, Nicolau, onde canta "Atirei o pau no gato", primeiro registro gravado dessa cantiga de roda.

Voltaria a gravar em 1929, lançando pela Odeon a toada de Eduardo Souto, Sarará, e a canção Meu Príncipe Encantado, de Armando Ângelo e Guilherme de Almeida.

Suas últimas gravações se realizariam em fevereiro de 1931, ao lançar um disco pela Victor, que trazia a canção de Marcelo Tupinambá e Oduvaldo Viana, Sorriso de Mulher, e a canção de Marcelo Tupinambá e Amadeu Amaral, Flor de Maracujá.

As canções O Meu Boi Morreu, gravada por Bahiano e Eduardo das Neves, e Inderê, gravada por Bahiano e Coro, em 1916, eram do repertório de Abigail Maia, como o próprio Bahiano afirma no início da gravação.



Abigail Maia e o clã Montani

Na ocasião de seu falecimento, Abigail era uma das últimas representantes de uma geração de artistas que inovaram e deram um novo rosto ao teatro brasileiro, além de ser parte de uma tradicional família de célebres atrizes.

Sua mãe, a atriz Balbina Maia, era um dos grandes nomes de nosso teatro no final do século XIX. 

Balbina casou-se com o ator Augusto Montani, nascendo dessa união a atriz Olympia Montani. Ao enviuvar de Augusto, Balbina casou-se com Joaquim da Costa Maia, nascendo a pequena Abigail.

O primeiro marido de Balbina Maia era de uma tradicional família de artistas. Augusto Montani era irmão da atriz Jesuína Montani que, por sua vez, era mãe das atrizes Gabriela Montani e Olympia Amoedo, primas de Abigail.

Abigail Maia seria tia de uma grande atriz, filha de sua irmã Olympia, que ficou conhecida como Lucília Perez.

No futuro, todas trabalhariam juntas, parentes e co-parentes.

Em 2011, Abigail Maia seria interpretada pela atriz Elisa Pinheiro na telenovela Cordel Encantado, exibida pela Rede Globo.

Ainda mais uma curiosidade. Abigail Maia era madrinha de batismo de nossa querida atriz cantora Bibi Ferreira.



ABIGAIL MAIA
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Abigail Maia faleceu no Rio de Janeiro em 20 de dezembro de 1981, aos 94 anos de idade. A imprensa da época lamentou o desaparecimento de uma de nossas mais importantes intérpretes, representante de toda uma geração que havia brilhado nos palcos de nosso país.




Jornal do Brasil, 21 de dezembro de 1981, p.16
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Jornal do Brasil, 21 de dezembro de 1981, p.16
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Diário da Tarde (PR), 1981
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Jornal do Commercio (RJ), 22 de dezembro de 1981, p.06
http://memoria.bn.br/




Jornal do Commercio (AM), 22 de dezembro de 1981
http://memoria.bn.br/




A Tribuna (SP), 23 de dezembro de 1981, p.16
http://memoria.bn.br/




Já homenageamos Abigail Maia em algumas ocasiões:

ABIGAIL MAIA, um sorriso que encanta – http://bit.ly/2GsEthU
ABIGAIL MAIA - 129 ANOS - http://bit.ly/2rOnKf0
ABIGAIL MAIA - 36 ANOS DE SAUDADE - http://bit.ly/2QJzrm2






ABIGAIL MAIA
Comédia, 1919
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ABIGAIL MAIA
Comédia, 1918
http://memoria.bn.br





Gravações de Abigail Maia




SÚPLICA

https://discografiabrasileira.com.br/

Canção
Gravada por Abigail Maia
Acompanhamento de Piano
Disco Odeon Record 121.170
Lançado em 1916





FACEIRA

https://discografiabrasileira.com.br/

Canção
Gravada por Abigail Maia
Acompanhamento de Piano
Disco Odeon Record 121.171
Lançado em 1916




O CUMBUCO E O BALAIO

https://discografiabrasileira.com.br/

Coco Baiano
Gravado por Abigail Maia
Acompanhamento de Coro e Piano
Disco Odeon Record 121.172
Lançado em 1916






CHICO, MANÉ, NICOLAU

https://discografiabrasileira.com.br/

Batuque Paulista
Gravado por Abigail Maia
Acompanhamento de Coro e Piano
Disco Odeon Record 121.173
Lançado em 1916



SARARÁ
Toada de Eduardo Souto
Gravada por Abigail Maia
Acompanhamento de Conjunto
Disco Odeon 10.510-A, matriz 3041
Lançado em dezembro de 1929



MEU PRÍNCIPE ENCANTADO
Canção de Armando Ângelo e Guilherme de Almeida
Gravada por Abigail Maia
Acompanhamento de Conjunto
Disco Odeon 10.510-B, matriz 3042
Lançado em dezembro de 1929



SORRISO DA MULHER
Canção de Marcelo Tupynambá e Oduvaldo Viana
Gravada por Abigail Maia
Acompanhamento de Quarteto de Cordas
Disco Victor 33.425-A, matriz 65111-2
Gravado em 24 de fevereiro de 1931 e lançado em 1931




FLOR DE MARACUJÁ
Canção de Marcelo Tupynambá e Amadeu Amaral
Gravada por Abigail Maia
Acompanhamento de Quarteto de Cordas
Disco Victor 33.425-B, matriz 65112-2
Gravado em 24 de fevereiro de 1931 e lançado em 1931



















Agradecimento ao Arquivo Nirez









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