sexta-feira, 24 de novembro de 2023

RELEMBRANDO A ATRIZ MARIA VIDAL

 
MARIA VIDAL
Radiolândia, 1955
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Vamos relembrar a atriz MARIA VIDAL.
 
Entre as atrizes de comédias dos anos 30, 40 e 50, Maria Vidal se destacou com seu talento e carisma, conquistando fãs pelo teatro, cinema e televisão.        


Maria Cândida dos Santos Vidal nasceu no Rio de Janeiro em 24 de novembro de 1905. Era filha dos portugueses Júlia Cândida dos Santos Vidal e Manoel dos Santos Vidal, e irmã de Júlia Vidal, famosa atriz, em nosso país, nas primeiras décadas do século XX.
 
Em 1918, ela tomou parte no festival em homenagem à Liga Bom Jesus de Nazareth, fazendo parte dos atos de variedade. A revista Jornal & Sport citou sua participação: “A senhorita Maria Vidal, que cantou dois numeros, um dos quaes em hespanhol, possue aproveitavel fio de voz e não é totalmente destituida de geito para o theatro”.
 
Maria Vidal estreou no Teatro de Revista em 1918 na peça A Bahia é boa Terra..., de Cãndido de Castro e Luiz Rocha, ao lado de sua irmã, Júlia Vidal e outros astros da época, como: Abigail Maia, Eduardo Leite e Nair Alves.



O Paiz, 08 de fevereiro de 1919, p.10
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JÚLIA VIDAL
Comédia Jornal de Theatro, 1919
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Ao longo da década de 1920, atuou em revistas, operetas e dramas, integrando a Companhia Nacional de Revistas, Companhia Procópio Ferreira, entre outras.



Jornal de Theatro e Sport, 1923 
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Maria Vidal, ao centro, em pé.
Procópio Ferreira, agachado.
Revista da Semana, 1925
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O site Memórias Cinematográficas informa que Maria Vidal, ao mesmo tempo em que atuava, havia se formado em magistério, “preparando-se para ser professora de física e ciências naturais”.
 
Entre 1930 e 1932, Maria Vidal gravou alguns discos com o ator Pinto Filho, em uma parceria que era também levada às rádios e teatros. Entre as músicas que gravou, está a versão original de Lua Branca, de Chiquinha Gonzaga. A versão feita por Chiquinha em 1912, para a burleta Forrobodó, chamava-se Sá Zeferina, em alusão à personagem principal da peça, e era um dueto cômico. Maria Vidal e Pinto Filho o gravaram em 1930.


Correio da Manhã, 14 de setembro de 1930, p.04
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Em 1932, fez parte do elenco de rádio teatro da Rádio Philips, no Programa Casé, interpretando revistas radiofônicas.


Correio da Manhã, 19 de junho de 1932, p.07
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No cinema, Maria Vidal estreou em João Ninguém, de 1936, filme dirigido por Mesquitinha, que também atuava. Foi o primeiro filme brasileiro a ter um trecho colorido. Atuou também em O Cortiço, de 1945, dirigido por Luiz de Barros. Foi elogiada por sua atuação em Quase no Céu, de 1949, dirigido por Oduvaldo Viana, vivendo uma empregada doméstica.


Maria Vidal em Quase no Céu 
O Cruzeiro, 1948
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Em agosto 1938, ela se apresentava em Recife (PE), no Teatro Santa Isabel, com peça O Hóspede do Quarto Nº 2, de Armando Gonzaga, interpretando Dorothéa; peça levada à cena pela Companhia Teixeira Pinto. Na ocasião de sua temporada na cidade, Maria Vidal foi fichada pelo DOPS/PE.


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Seria na década de 1950 que Maria Vidal atingiria o auge de sua carreira, seja no cinema, nas comédias musicais, ou na televisão. Ela viveu a Dona Stela em A Pensão da Dona Estela, de 1956, filme dirigido por Ferenc Fekete e Alfredo Palácios. Ela atuou ao lado de Jaime Costa, tendo no elenco o compositor e ator Adoniran Barbosa. Ela já havia vivido o personagem no rádio, com muito sucesso.


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Em Um Marido Barra Limpa, de 1957, dirigido por Renato Grechi e Luiz Sérgio Person, ela atuou ao lado de Ronald Golias. Já em Dorinha no Soçaite, de 1958, dirigido por Geraldo Vietri, ela interpretava a mãe de Dorinha, vivida pela atriz Vera Nunes. Pela primeira vez, ela contracenava com Zé Trindade, vindo a fazer outros trabalhos com ele, como em O Camelô da Rua Larga. Neste filme de 1958, dirigido por Eurípedes Ramos e Hélio Barroso, Maria Vidal interpretava a personagem Bebê.


Maria Vidal e Ronald Golias em Marido Barra Limpa, 1957
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Zé Trindade e Maria Vidal em Camelô da Rua Larga, 1958
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Em São Paulo, ela teve boas oportunidades na televisão, ampliando sua popularidade em programas de humor. Em 1958, ela recebeu o toféu Roquette Pinto de Melhor Teleatriz Cômica.
 
Em 1959, por ocasião de seus 25 anos de atuação no rádio brasileiro, Maria Vidal comemorou no show Bodas de Prata de Maria Vidal, no Cine Piratininga, em São Paulo.
 
Fora ser atriz, a grande paixão de Maria Vidal eram os animais, que ela sempre buscava proteger. Ela recolhia animais de rua e levantava fundos para construir A Cidade dos Cachorros, que seria um abrigo para esses animais.
 
Mesmo com a popularidade em alta, Maria Vidal não se encontrava bem financeiramente. Atuando na TV Tupi, ele recebia o suficiente para pagar seu aluguel. A emissora não a liberava para que ela assinasse um contrato com a TV Excelsior, que oferecia como salário, mais que o dobro do valor que ela ganhava. O site Memórias Cinematográficas nos informa que ela cuidava de quarenta animais, gatos e cachorros, e também cuidava de sua irmã, a ex atriz Júlia Vidal, que já contava com mais de 70 anos.
 
Residindo no bairro paulistano de Sumaré, Maria Vidal não contava com a compreensão dos vizinhos, que não gostavam dos bichos que ela criava. Ao chamarem a prefeitura, esta os levou para serem sacrificados.
 
Juntando os problemas financeiros e o golpe com a perda de seus animais, a atriz ficou deprimida e resolveu dar fim à sua vida ingerindo soda caustica em 14 de abril de 1963. Para se certificar de que morreria logo, ela ligou o gás de seu forno e colocou sua cabeça dentro. Muito doente, ela ficou internada em estado grave por um mês, falecendo em 14 de maio de 1963, aos 57 anos de idade. Como se não bastasse esse golpe, sua irmã, Júlia Vidal foi despejada da casa onde morava após a morte de Maria Vidal, passando a morar nas ruas.
 
Com o desaparecimento de Maria Vidal, ela seria homenageada por uma associação de proteção aos animais com uma estátua de um cachorro, que está no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.


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Quanto aos vizinhos, arrependidos, conseguiram na prefeitura que a rua onde moravam passasse a se chamar Rua Maria Vidal...
 
 
Saibam mais sobre a vida e carreira de Maria Vidal e sua irmã Júlia Vidal no site Memórias Cinematográficas, de Diego Nunes: https://bit.ly/3oeFFrD




FOTOS E VÍDEOS DE MARIA VIDAL



MARIA VIDAL
Jornal de Theatro e Sport, 1923 
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MARIA VIDAL, anos 30
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MARIA VIDAL
Fon Fon, 1952
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MARIA VIDAL
O Cruzeiro, 1953
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MARIA VIDAL
Radiolândia, 1955
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MARIA VIDAL
Radiolândia, 1955
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MARIA VIDAL
O Cruzeiro, 1955
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MARIA VIDAL
Radiolândia, 1955
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Confiram algumas gravações de Maria Vidal e Pinto Filho.



SÁ ZEFERINA
Cena Cômica de Chiquinha Gonzaga
Gravada por Pinto Filho e Maria Vidal
Acompanhamento de Conjunto
Disco Parlophon 13.199-B, matriz 3695
Gravado em 1930 e lançado em setembro de 1930



 
SÃO BENEDITO PRETINHO
Samba de Joaquim Sanches e Carlos Bittencourt
Gravado por Pinto Filho e Maria Vidal
Acompanhamento da Nacional Orquestra
Disco Parlophon 13.226-B, matriz 3923
Gravado em 1930 e lançado em outubro de 1930


 
A MAIS BELA
Diálogo Humorístico de Luiz Iglezias
Gravado por Pinto Filho e Maria Vidal
Disco Parlophon 13.294-A, matriz 131090
Lançado em março de 1931


 
MULATA MAL INDUCADA
Cômico de Pinto Filho, Luiz Peixoto e Bando de Tangarás
Gravado por Pinto Filho e Maria Vidal
Acompanhamento do Bando de Tangarás
Disco Parlophon 13.319-A, matriz 131164
Lançado em julho de 1931


 
AI AS CRIOULAS
Paródia de Beatriz Fernandes e A. Guimarães
Gravada por Pinto Filho e Maria Vidal
Acompanhamento do Bando de Tangarás
Disco Parlophon 13.319-B, matriz 131165
Lançado em julho de 1931


 
NÃO POSSO COM A TUA VIDA
Samba de Eurípedes Ferreira e Getúlio Marinho (Amor)
Gravada por Pinto Filho e Maria Vidal
Acompanhamento do Choro da Mangueira
Disco Parlophon 13.380-A, matriz 131310
Lançado em 1932














Agradecimento a Diego Nunes (Memórias Cinematográficas) e ao Arquivo Nirez










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