domingo, 31 de dezembro de 2023

RELEMBRANDO O CANTOR MÁRIO REIS

MÁRIO REIS
Arquivo Nirez





Vamos relembrar o cantor MÁRIO REIS.    

Mário da Silveira Reis nasceu no Rio de Janeiro em 31 de dezembro de 1907 e faleceu nessa mesma cidade, em 05 de outubro de 1981. 


Sua mãe, Alice da Silveira, era de uma rica família, sendo uma das proprietárias da Fábrica Bangu de Tecidos, sendo uma pessoa conhecida na sociedade carioca. Seu pai era o comerciante Raul Meirelles Reis, que também foi presidente do América Futebol Clube, falecendo em um acidente de trem em 1925, quando Mário tinha 17 anos. O teatrólogo Silveira Sampaio era seu primo. Mesmo tendo um irmão mais velho, João, Mário tinha como apoio familiar a figura de seu tio materno, Guilherme da Silveira, e dos primos Guilherme e Joaquim.


Fon Fon 25 de março de 1916
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Começou a estudar violão em 1924 com Carlos Lentine, violonista que integraria na década seguinte o Regional de Benedito Lacerda. Em 1926, Mário ingressou na Faculdade de Direito, sendo colega de Ary Barroso. Ainda em 1926, conheceu o compositor Sinhô (José Barbosa da Silva), com que passou a tomar aulas de violão e a quem já admirava como compositor.

Sinhô ficou impressionado com a forma que Mário Reis interpretava suas músicas e o convidou a gravar um disco na Odeon, em 1928. Do lado A, o samba Que vale a nota sem o carinho da mulher, e do lado B o romance, Carinhos de Vovô, ambos de Sinhô, sendo acompanhado pelos violões de Sinhô e Donga (Ernesto dos Santos).

Seu estilo de cantar simples e coloquial, sem possuir um vozeirão, contrastava com os tenores e barítonos da época, Francisco Alves, Vicente Celestino, Frederico Rocha... Graças ao recente processo elétrico de gravação, Mário Reis podia registrar em cera várias composições, com sua voz calma e afinada. O sucesso veio logo, gravando várias composições de Sinhô e de outros autores da época, Ary Barroso, Cícero de Almeida (Baiano, não confundir com o cantor), José Francisco de Freitas (Freitinhas), Nilton Bastos, Heitor dos Prazeres, entre outros.

Um de seus sucessos, gravado na Odeon ainda em 1928, foi o samba Jura, de Sinhô, que, nesse mesmo ano, também foi sucesso na voz de Aracy Côrtes, que o lançou no teatro de revista e em disco Parlophon. Também podemos destacar Dorinha, meu amor (José Francisco de Freitas), Gosto que me enrosco (Sinhô), Novo Amor (Ismael Silva), entre outros somente no início de sua carreira.  

Com o sucesso que vinha alcançando, Mário Reis passou a fazer parte do primeiro time de cantores do disco e do rádio. O grande destaque da época era o cantor e compositor Francisco Alves, o Rei da Voz. Em uma feliz ideia, os dois cantores se uniram para gravar alguns discos e fazerem várias apresentações no final de 1930. Chico Alves com seu vozeirão de tenor e Mário Reis com sua voz macia, porém forte e clara. A união vocal foi perfeita, resultando em doze discos e vinte e quatro músicas, entre sambas e marchas, além de várias apresentações de sucesso, durando até por volta do fim de 1932.


Correio da Manhã, 27 de janeiro de 1932.
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Atuando no rádio, no disco, excursionando pelo país e exterior, Mário Reis também se destacava em cassinos e no cinema, tendo atuado em filmes como Estudantes, de 1935, e Alô, Alô Carnaval, de 1936. Ao lado de sua amiga Carmen Miranda gravou alguns clássicos juninos, Chegou a Hora da Fogueira e Isto é lá com Santo Antônio; além dos célebres samba Alô AlôTarde na Serra e Me respeite, ouviu?. Sozinho, deixou clássicos como Cadê MimiAgora é CinzaDoutor em SambaUma Andorinha não faz VerãoRasguei a minha Fantasia, entre outros.



Mário Reis ao microfone da Rádio Mayrink Veiga em 1935.
Revista Vida Doméstica, outubro de 1935.
Arquivo Nirez


Paralelo a sua carreira artística, empregou-se em 1933 como fiscal de jogo. Porém, em 1936, aos 28 anos e em pleno sucesso, abandonou a carreira artística, assumindo o cargo de oficial de gabinete do então prefeito do Distrito Federal, o cônego Olympio Mello. Em 1939 voltou a cantar e a fazer apresentações, gravando alguns discos. Participou, nesse ano, do espetáculo beneficente Joujoux e Balangandans, organizado pela primeira dama Darcy Vargas. Gravaria ainda em 1940, parando novamente.



Mário Reis em 1939.
Revista Carioca.
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Mário Reis voltaria a gravar discos em 1951, quando lançou quatro discos pela Continental. Relançou, nos três primeiros, antigos sucessos de Sinhô, sendo acompanhado pelo maestro Radamés Gnatalli, sob o pseudônimo de Vero, que fez os arranjos, e sua orquestra. O outro disco seria lançado no ano seguinte, contendo músicas de Ary Barroso e Fernando Lôbo. Aloysio de Oliveira o convidaria, em 1960, para gravar pela Odeon um LP, o primeiro de sua carreira, Mário Reis canta suas criações em hi-fi. Com arranjos do maestro Lindolfo Gaya, gravou composições de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes. Novamente Aloysio de Oliveira o convidou, em 1965, por ocasião dos festejos do 4º Centenário da cidade do Rio de Janeiro, para gravar o LP Mário Reis: Ao Meu Rio, com arranjos de Lindolfo Gaya. Ele regravaria antigos sucessos de sua carreira, interpretando também Pelo Telefone, de Donga e Mauro de Almeida. Em 1967, pela gravadora Elenco, foi lançado o LP O melhor do samba, onde participou ao lado de Aracy de Almeida, Ciro Monteiro e Billy Branco.

Seu LP Ao Meu Rio seria relançado pela Elenco em 1971, com o título de Os grandes sucessos de Mário Reis. Nesse mesmo ano, a Odeon lançou o LP Mário Reis, onde ele cantava antigos sucessos e interpretava composições recentes, como A Banda, de Chico Buarque.

Sua última apresentação pública aconteceu em 1971, no Golden Room do Copacabana Palace, em três apresentações, onde foi aplaudido de pé por mais de dez minutos.

Atuou como compositor, criando Quem ama não esquece, que ele gravou. Segundo seu biógrafo, Luís Antonio Giron, Mário Reis usou o pseudônimo de Zé Carioca para compor o samba Nosso Futuro, também gravado por ele em 1932. Em 1995, o cineasta Júlio Bressane lançou o filme O Mandarim, onde Fernando Eiras interpreta Mário Reis.


O Malho, 21 de março de 1935.
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Trago algumas músicas gravadas pela dupla Francisco Alves e Mário Reis e algumas composições onde Mário Reis canta sozinho.




MÁRIO REIS E FRANCISCO ALVES

Diário Carioca, 16 de janeiro de 1932.
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SE VOCÊ JURAR
Samba de Francisco Alves, Ismael Silva e Nilton Bastos
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.747-B, matriz 4080
Gravado em 05 de dezembro de 1930 e lançado em janeiro de 1931





O QUE SERÁ DE MIM
Samba de Francisco Alves, Ismael Silva e Nilton Bastos
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.780-B, matriz 4162-1
Gravado em 28 de fevereiro de 1931 e lançado em abril





SINTO SAUDADE
Samba de Mário Travassos de Araújo
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco 10.850-A, matriz 4291
Lançado em dezembro de 1931





PERDÃO, MEU BEM
Samba de Angenor de Oliveira (Cartola)
Acompanhamento de Gente Boa
Disco Odeon 10.910-A, matriz 4423
Gravado em 30 de março de 1932 e lançado nesse mesmo ano





A RAZÃO DÁ-SE A QUEM TEM
Samba de Francisco Alves, Ismael Silva e Nilton Bastos
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.939-A, matriz 4472
Gravado em 02 de julho de 1932 e lançado em janeiro e fevereiro de 1933


 


MÁRIO REIS

O Malho, 26 de dezembro de 1935.
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SABIÁ
Canção de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Acompanhamento de dois violões
Disco Odeon 10.257-A, matriz 1935
Lançado em outubro de 1928





DORINHA, MEU AMOR
Samba de José Francisco de Freitas
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.299-A, matriz 2126
Lançado em dezembro de 1928





NOVO AMOR
Samba de Ismael Silva
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.357-A, matriz 2400
Gravado em 27 de fevereiro de 1929 e lançado em abril





SOFRER É DA VIDA
Samba de Francisco Alves e Ismael Silva
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.872-A, matriz 4375
Gravado em 28 de novembro de 1931 e lançado em julho de 1932



MULATO BAMBA
Samba de Noel Rosa
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.928-B, matriz 4480
Gravado em 07 de julho de 1932 e lançado nesse mesmo ano





EU QUERIA UM RETRATINHO DE VOCÊ
Samba de Noel Rosa e Lamartine Babo
Acompanhamento dos Diabos do Céu, sob a direção de Pixinguinha
Disco Victor 33.698-A, matriz 65796-2
Gravado em 07 de julho de 1933 e lançado em setembro





UMA ANDORINHA NÃO FAZ VERÃO
Marcha de Lamartine Babo e João de Barro
Acompanhamento dos Diabos do Céu, sob a direção de Pixinguinha
Disco Victor 33.742-A, matriz 65903-1
Gravado em 01 de dezembro de 1933 e lançado em janeiro de 1934





NOSSO ROMANCE
Samba de Alcebíades Barcelos e Armando Marçal
Acompanhamento dos Diabos do Céu
Disco Victor 33.861-A, matriz 79698-1
Gravado em 26 de setembro de 1934 e lançado em dezembro





ESQUINA DA VIDA
Samba de Noel Rosa e Francisco Matoso
Acompanhamento de Romualdo Peixoto (Nonô) ao piano
Disco Columbia 22.242-B, matriz 381532
Lançado em 1934





MEU BARRACÃO
Samba de Noel Rosa
Acompanhamento de Romualdo Peixoto (Nonô) ao piano
Disco Columbia 22.242-B, matriz 381533
Lançado em 1934














 Agradecimento ao Arquivo Nirez











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