domingo, 28 de dezembro de 2025

ARACY CÔRTES - 100 ANOS DE SUAS PRIMEIRAS GRAVAÇÕES

 
ARACY CÔRTES
Illustração Moderna, 1924
http://memoria.bn.br/





Há 100 anos, no ano de 1925, ARACY CÔRTES fazia suas primeiras gravações em disco, pela Casa Edison, no Rio de Janeiro.


O ano de 1925 foi, de certa forma, agitado para a jovem atriz e cantora Aracy Côrtes.
 
Tendo estreado profissionalmente no Teatro de Revista em 31 de dezembro de 1921, na revista “Nós, Pelas Costas”, ela vinha atuando com constância nesse gênero e conquistando respeito e reconhecimento por parte do público e da crítica.
 
Em 1925 já era uma artista famosa, com apenas 21 anos de idade.
 
No início do ano, a artista ficou fora dos palcos por um período, devido a uma enfermidade, amplamente notificada nos jornais. Aracy Côrtes retornaria à cena em 13 de fevereiro de 1925, na peça “O Baliza” estreada no Theatro São José.
 
Entre outras peças que ela estreou no ano de 1925, estão, “Verde e Amarelo”, estreada em 27 de março de 1925 no Theatro São José, da Empresa Paschoal Segreto, no Rio de Janeiro. Aracy Côrtes interpretou uma “Hespanhola” e “Ave do Paraíso”, sendo uma das “Compères” da peça, ou seja, uma das mestres de cerimônia.
 
No final de maio, Aracy Côrtes deixa a empresa Paschoal Segreto, dona do Theatro São José, onde era a estrela. No mês seguinte, ela moveria um processo contra o empresário Paschoal Segreto, sendo o caso muito difundido na imprensa.
 
Ela tentaria fundar uma Companhia própria, mas, ao que parece, passou a trabalhar na empresa de Jardel Jércolis, a Tro-Ló-Ló.
 
Nessa Companhia, atuaria, entre outras, em revistas como “Fora do Sério” e “Fla X Flu”, ainda em 1925, levadas à cena no Teatro Glória.
 
Talvez devido ao seu sucesso e projeção em sua carreira, Aracy Côrtes tenha sido convidada a gravar discos na lendária Casa Edison, nossa primeira gravadora, que lançava os discos Odeon Record.
 
Na Casa Edison, ela gravou três músicas, em dois discos: “Serenata de Toselli”, de E. Toselli, disco Odeon Record 122.820; “A Casinha”, de Pedro de Sá Pereira e Luiz Peixoto, disco Odeon Record 122.884, e “Petropolitana”, de Adalberto de Carvalho, disco 122.885.
 
Já ouvi falar que ela havia gravado também “Ave Maria”, de Schubert, porém, não encontrei registros dessa gravação.
 
Por esse tempo, havia os locutores da Casa Edison que anunciavam o intérprete e a música, antes desta se iniciar. Aracy Côrtes foi anunciada como “A Graciosa Estrela Brasileira, Aracy Côrtes”. A voz que a anuncia se parece muito com a do cantor Fernando.
 
Ela foi acompanhada pelo Jazz Band Sul Americano de Romeu Silva, do qual Fernando era crooner.
 
Em 1929, Margarida Max, outra estrela do Teatro de Revista, fez quatro gravações em discos. Já era a época das gravações elétricas, sem os locutores antes da música. Porém, Margarida Max é anunciada como “Estrela Margarida Max, Ídolo da Plateia Carioca”.
 
Até nossos dias, chegaram duas gravações pioneiras de Aracy Côrtes.
 
“A Casinha”, canção original de Othon e Lera, em adaptação de Luiz Peixoto e Pedro de Sá Pereira. Foi lançada em 1924, por Aracy, na peça “Secos e Molhados”, fazendo muito sucesso. Seria regravada várias vezes por cantores como Sylvio Vieira, Vicente Celestino e Gastão Formenti.
 
“Petropolitana”, canção de Adalberto de Carvalho, foi lançada com muito sucesso em 1914, pela atriz e cantora Pepa Delgado, na peça “Por Trás da Cortina”. Pepa não gravou a canção, cabendo isso à Aracy Côrtes em 1925.


Confiram as gravações de Aracy Côrtes em sua estreia nos discos, há 100 anos.
 


 
A CASINHA



Acervo de Gilberto Inácio Gonçalves



https://discografiabrasileira.com.br/







Canção de Othon e Lara, em adaptação de Luiz Peixoto e Pedro de Sá Pereira
Gravada por Aracy Côrtes
Acompanhamento do Jazz Band Sul Americano de Romeu Silva
Disco Odeon Record 122.884
Lançado em 1925
 
 
Você sabe de onde eu venho?
De uma casinha que eu tenho
Fica dentro de um pomar.
É uma casa pequenina
Lá no alto da colina
De onde se ouve, longe, o mar.
Entre as palmeiras bizarras
Cantam todas as cigarras
Sob o pó de ouro do sol.
Do beiral desse horizonte
No jardim canta uma fonte
E, na fonte, há um caracol.
Quando eu vejo lá da estrada
A casinha abandonada
Sinto n´alma não sei quê.
Como é triste a natureza
Anda em tudo uma tristeza
Com saudades de você.
Você, que é minha amiguinha,
Venha ver minha casinha
Minha Santa, meu pomar
Que o meu cavalo é ligeiro
Dá uma légua do outeiro
Chega a tempo de voltar.
Mas se acaso anoitecer
O que pode acontecer
Que será de mim, depois
A casinha pequenina
Lá do alto da colina
Chega bem para nós dois.
 


 
 
PETROPOLITANA

Acervo de Gilberto Inácio Gonçalves




https://discografiabrasileira.com.br/









Canção Brasileira de Adalberto de Carvalho
Gravada por Aracy Côrtes
Acompanhamento do Jazz Band Sul Americano de Romeu Silva
Disco Odeon Record 122.885
Lançado em 1925
 
 
Petrópolis linda és brasileira
Oh! minha terra
Tu és tão bella e tão faceira
E ahi na serra
Moram Cupido e Deusa Flóra
Que ruído chora
Com os perfumes e mil odores
Que se exalam d´entre as flôres.
 
Petropolitana
És a flôr mais gentil
Tão linda serrana
Ai, só tem o Brasil.
 
Petrópolis santa és peregrina
Tu és rainha
Tens alma pura e christalina
Qual cascatinha
Em que deslisa amor fecundo
Pedro segundo
Deu-te vida e realeza
Poetizou co´a natureza.
 
 

 

RECORTES SOBRE ARACY CÔRTES


Jornal do Brasil, 13 de fevereiro de 1925, p.15
https://memoria.bn.gov.br/



Gazeta de Notícias, 14 de fevereiro de 1925, p.4
https://memoria.bn.gov.br/



Correio da Manhã, 21 de outubro de 1925, p.6
https://memoria.bn.gov.br/


Gazeta de Notícias, 14 de fevereiro de 1925, p.12
https://memoria.bn.gov.br/



O Paiz, 27 de março de 1925, p.7
https://memoria.bn.gov.br/



Correio da Manhã, 28 de outubro de 1925, p.12
https://memoria.bn.gov.br/



O Jornal, 04 de dezembro de 1925, p.11
https://memoria.bn.gov.br/














Agradecimento a Gilberto Inácio Gonçalves e ao Arquivo Nirez

Canais do YouTube:
Arquivo Confraria do Chiado
Som em Bom Tom










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